segunda-feira, 27 de junho de 2011

Montras - I

Não gosto de ver montras. Sair, para ver montras, não obrigada! Bem bastou, quando era criança ter que acompanhar a minha mãe e  um cortejo de tias, que parecia que aumentava a cada saída :) Tenho ideia, de este hábito ser frequente entre as senhoras, na década de sessenta.
Andar devagar, irritantemente devagar, parar em todas as montras, esmiuçar cada peça exposta, é-me demasiado penoso. 

Mas, não sei como, no verão passado descobri que as montras podem ser um óptimo tema para fotografar. (daí, aparentemente este post ser sobre uma coisa de que eu não gosto). Umas vezes, por mérito de quem as concebe e arranja, outras, porque  são precisamente o oposto da montra tecnicamente bem feita e outras ainda, porque mudando-se os tempos, mudam-se as vontades, ficam  esquecidas entre paredes de estreitas vielas, adquirindo assim   uma graça inesperada, que só a pátina do tempo consegue dar e que é o caso da primeira fotografia que mostro.

 Na íngreme Rua da Olaria em Lamego, deparei com esta montra, que eu creio ser o que resta de uma casa de aluguer de fatos religiosos. Não fossem as marcas do tempo, e a fotografia não teria resultado.


Em pleno coração londrino, um grande armazém com quatro ou cinco montras iguais a estas expõem os  diferentes artigos, com um toque de requinte e bom gosto, que me deixaram de nariz colado ao vidro várias vezes.
Esta primeira exibe uma miscelânea de artigos, todos eles com um ar muito requintado. Acho interessante a ideia da mistura de coisas tão diferentes como carteiras de senhora, perfumes, chávenas etc.
Bebidas  expostas com sobriedade  e  sempre acompanhadas de objectos a que regra geral associamos ambientes requintados: pérolas, cristais, pratas etc.

As montras de lingerie, são sempre demasiado óbvias: ou nos esperam pernas ao alto para melhor podermos apreciar os acabamentos das meias, ou  torsos plásticos, sem piada nenhuma, sem nada que prenda a atenção dos mais distraídos.
A montra de baixo vale pela originalidade da concepção. Gosto da ideia alternativa desta montra, que, comigo resultou, pois conseguiu o que dificilmente as outras conseguem, ou seja, fazer-me parar e olhar com interesse.

Esta última, fala por si. Não é minha intenção analisar aqui estas fotografias sob uma perspectiva sociológica, mas esta, talvez merecesse. Quando fotografei esta banca de bolos, no Camden Markets , não reparei na rapariga que aparece de costas e até cheguei a lamentar, a sua presença, pois não permitiu um enquadramento perfeito. Hoje, acho,que dá um outro sentido à fotografia.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pinha portuguesas no Uruguai

Um seguidor do meu blog, o Carlos Fernandez, também ele amante de velharias descobriu em Montevideu, no bairro chic  de Punta Carreta estas pinhas de origem portuguesa da  Fábrica de Sto António de Vale de Piedade e resolveu partilhar connosco este seu achado.

Efectivamente, tanto os portugueses como os espanhóis tentaram renhidamente colonizar o futuro Uruguai, tendo tido os portugueses como base, Colónia de Sacramento, que, segundo informação do Carlos, no tempo colonial era conhecida pela  "Maçã da Discórdia" e hoje tem o seu centro histórico classificado como Património da Humanidade. Interessante,a história do Uruguai, o segundo país mais pequeno da América do Sul, daí deixar-vos alguns links para mais facilmente acederem a alguma informação.

Mas este post é sobre as pinhas, portanto voltemos a elas,que em quase tudo são muito idênticas, às já mostradas neste blog e  aqui no do Luís.
Felizmente estas pinhas estão marcadas, não deixando margens para dúvidas quanto às suas origens. Acho interessante a utilização da cor- de -vinho, na sua decoração. Nunca tinha visto.
Os azulejos com a flor de lis, serão portugueses? Parecem-me de uma época mais recente.
Este conjunto parece-me uma composição de materias, que originariamente não teriam  relação entre si. Será?
Apesar de saber, que nós  portugueses andámos pelos quatro cantos do mundo, estas fotografias das pinha da Fábrica de St0 António de Vale de Pidedade,em pleno coração Uruguaio, não deixaram de me surpreender e como sou um bocado sentimental. confesso que senti até,  uma pontinha de emoção :)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Compras na feira de velharias em Ponte de Lima

Recentemente descobri a feira de velharias de Ponte de lima e fiquei bem impressionada. Bons preços, local aprazível (ao longo do rio Lima),e já com uma dimensão considerável.
Abaixo, uma fotografia minha, da Avenida dos Plátanos, local onde se realiza a feira.
Este prato foi a primeira compra. Percebi que não iria ser caro, pela maneira como estava exposto na tenda, meio desvalorizado, por baixo de outros, muito vistosos e "compostinhos" .
 Tem 22 cm de diâmetro e está  decorado com o chamado  motivo "casario"; segundo informação que consta no catálogo de uma Leiloeira, é de fabrico nortenho. Digo a título de curiosidade, que a leiloeira que refiro, tem um par de pratos iguais a este, com a base de licitação de 100€! O meu, depois de regateado, veio para 7€...
Em baixo, os "gatos" deste prato. Hoje partimos qualquer coisa e vai direitinha para o lixo... É urgente recuperar os valores antigos  do  poupar, reutilizar,transformar, etc.

A segunda compra, foi uma chávena almoçadeira, cantão popular. Tenho alguns pratos e, já há algum tempo, que gostava de ter outro tipo de peças com esta decoração, mas nunca tinha encontrado nenhuma.
Como a chávena não está marcada, mostro o outro lado, pois pode haver pormenores que nos ajudem a perceber a origem das peças.
Na  fotografia que se segue percebem-se as imperfeições da pintura interior.
Confesso que fiquei alvoraçada :) quando via a chávena. Achei-a cara, não a comprei de imediato,mas, não resisti e no caminho de regresso, comprei-a. Passei toda a feira a mentalizar-me para a sua compra.Fui assaltada por todo o tipo de pensamentos:) Porque não, não vou ficar mais pobre, mais vale um  prazer nas vida que dois tostões no bolso, enfim, sabem como é....
Resta-me dizer que vim feliz para casa, com as minhas duas novas aquisições. A felicidade, por vezes, faz-se de coisas muito pequenas.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Tavessa Herculaneum - Uma compra inesperada

Sábado fiz uma caminhada memorável.  Desfrutei de paisagens belíssimas,  passei por aldeias lindas, com casas de pedra sobre pedra e outras, ainda com os telhados em colmo.Tudo perfeito. O calor do sol era suavizado pela brisa agradável e a hora do almoço chegou depressa. Um prado verdejante e uma ponte romana esperavam por nós, e pasme-se, até um almoço de faca e garfo, oferta de um caminheiro aniversariante, que fez chegar até nós, um autêntico manjar dos deuses!
Em baixo a ponte romana numa  foto que não é minha ( não levei a máquina),  encontrei-a na net e não consegui identificar o autor.
Para coroar o dia, e já da parte da tarde, estando o grupo em plena serra,  desabou uma enorme tempestade. Tivemos direito, a chuva, vento e granizo!! Fiquei a saber que o granizo, quando bate no corpo, magoa :) Foram ainda duas horas de caminhada, completamente encharcados. Só não foi um dia estragado, pois a boa disposição manteve-se e  não houve acidentes (o que chegamos a temer que pudesse acontecer, tal  a intensidade da trovoada).
Perante as circunstancias,uma vez chegados aos carros regressamos a casa, ficando sem efeito o habitual  jantar que encerra estas caminhadas.

E é aqui que aparece a minha travessa!
Atravessávamos uma das muitas freguesias do nosso percurso de regresso, quando me pareceu ver uns pratos antigos numa montra. Como observadora que sou, fiquei em alerta e  fui indagar.
Era realmente uma loja de aldeia  e um misto de venda de artesanato e velharias.
O homem , simpático, tinha peças interessantes, mas esta travessa, que eu vi da estrada e me pareceu um prato  prendeu a minha atenção desde logo.
Identifiquei a marca, pois tinha presente um post do velhariasdoluis, onde ele mostra uma terrina desta mesma fábrica. Comprei-a, não de imediato,mas já com a certeza de que seria muito difícil  sair dali sem a travessa, a menos que me pedissem um preço exorbitante, o que não foi de maneira nenhuma o caso.
Chegada a casa, fui fazer a revisão da matéria dada :) e confirmei que a minha travessa é realmente da  Herculaneum Pottery, neste caso, creio que  da  série Índia, View in de Fort  Madura.
A estrutura para a pendurar é robusta,  muito antiga e conto não a tirar apesar de bastante enferrujada. Não resisto em mostrar um grande plano.
Foi uma compra inesperada, ditada por um feliz acaso.  A vida é assim, feita de muitos planos, mas também de acasos: uns felizes, outros trágicos,outros assim, assim, mas todos com uma importância na nossa vida, que por vezes nem suspeitamos. Alguns, até  determinam, o rumo que  tomamos! A minha travessa, não alterará, certamente a minha vida em nada, mas que esta situação me deu que pensar, ai isso deu!