terça-feira, 8 de abril de 2014

Prato decorado com o "Homem do Harmónio"

Com uma decoração invulgar, este pequeno prato cativou-me com o seu engraçado boneco a tocar  harmónio e a dirigir-se, quem sabe, para alguma romaria minhota. Aqui no Minho é grande a tradição das harmónias ou, como se diz por cá, das concertinas. Nas Feiras Novas (as festas de Ponte de Lima desde 1826) há tocatas de concertinas à mistura com cantares ao desafio mais ou menos informais em todos os largos e ruelas da vila, o que dá a estas festas uma alegria e autenticidade únicas.


Mas centremo-nos neste prato. A figurinha central era-me vagamente familiar e numa visita a casa de uma cunhada reparei numa pequena peça em vidro, creio que um cinzeiro decorado com um par de dançarinos muito idênticos ao meu tocador de concertina. Percebi que os “bonecos” tinham saído do lápis do mesmo autor, dei-me por satisfeita  e não pensei mais no assunto.

Vagueando pela internet fui ter a um blog meu velho conhecido e que prezo muito, o Almanaque Silva, e de pesquisa em pesquisa descobri que o criador do meu “Homem do harmónio” foi um ilustre designer e publicitário português, Manuel Piló (1905-1988), que teve um percurso de vida um tudo ou nada itinerante, tendo vivido na Argentina, Estados Unidos e Brasil.
 " O homem do harmónio"
Este "Homem do Harmónio" faz parte de uma série de postais onde são representados elementos das romarias e costumes regionais portugueses, cuja datação se situa de forma  imprecisa em meados dos anos trinta. O meu prato será portanto posterior a essa data.
Fonte: Almanaque Silva

4 comentários:

  1. Maria Paula

    Que curiosa relação descobriu.

    Talvez até haja muitos mais casos como este, que descobriu, em que as faianças se inspiraram em imagens de revistas ilustradas. Há pouco tempo tive em casa de amigos, que tinham na parede, emoldurados, muitos trabalhos de tecidos recortados, feitos por uma tia há muito falecida. Também descobriram por mero acaso, que essa tia se inspirou no trabalhador de um ilustrador português dos anos 30 e 40, muito publicado nas revistas portuguesas de então.

    Bjo e boa descoberta

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    1. Olá Luís
      Se pensarmos bem, esta habilidade para as faianças se inspirarem nas imagens que são divulgadas por jornais e revistas é bastante antiga. Os Meninos Gordos,creio que serão um exemplo disso mesmo.
      A ilustração é um mundo muito rico, que eu só há pouco tempo descobri.Os trabalhos em tecido desses seus amigos fizeram-me recordar uns postais da decada sessenta,, sobre os trajes regionais portugueses, que eram bordados. Penso, pelo que li no Almanak Silva, que serão também cópias de originais de alguns ilustradores dessa época.
      As descobertas irão ser interrompidas por breves dias:) Bjs

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  2. Este tipo de desenho lembra-me os que existiam numas revistas de lavores que existiam em minha casa (e com certeza em milhares de outras casas também), e que se destinavam a decorar com bordados peças de enxoval, creio.
    Fico admirado como consegue estabelecer estas relações. Eu, ainda que com as coisas à frente dos olhos, fico sem conseguir relacionar.
    Tal como os alunos que justificam o insucesso (fruto da falta de trabalho e estudo), digo igualmente que "Bloqueei!"
    Consigo perceber que os motivos são familiares, mas não estabeleço a relação. Só se ela me entrar pelos olhos dentro!
    Um tempo de Páscoa descansado e agradável para si
    Manel

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    1. Manel, não diga isso!! Bem tenho lido as suas respostas sobre assuntos bem mais complexos que o meu prato e eu é que fico admirada como domina de forma profunda vários assuntos.
      Muitos dos "bonecos" do Piló integraram uma reivsta que sugeria várias adaptações para bordados, portanto, as suas recordações, poderão ter origem, nessas revistas.
      Uma boa Páscoa também para si

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