quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Motivo número 7 - Fábrica de Loiças de Sacavém

As peças que mostro hoje são produção da Fábrica de Loiça de Sacavém (FLS) e estão decoradas com um dos motivos de que mais gosto. Quando me decidi a fazer este post quis saber o nome desta decoração e, de pesquisa em pesquisa, descobri que na FLS é designada por “motivo número 7”. Esta designação meramente técnica, de um motivo de inspiração oriental, portanto um tema vasto, não deixa de surpreender numa fábrica que nos habituou a nomes tão bonitos e imaginativos quanto Togo, Congo, Júpiter, Metz etc. Aliás, uma das minhas curiosidades é saber quais as razões da escolha dos nomes dos motivos e formas das peças de cerâmica. O que surge primeiro? Será o padrão, o formato, ou será a designação?  Mas, curiosidades à parte passemos então à apresentação das minhas peças, que pertencem a vários períodos de fabrico e foram compradas em diferentes  ocasiões.
 Comecemos pelo açucareiro de desenho modernista, que apresenta uma pasta muito brilhante e um  azul claro que tinge de forma uniforme toda a peça. Sabendo que o esborratado é caraterístico da técnica  aqui utilizada, o flow blue, considero, no entanto, este meu açucareiro um tanto ao quanto inusitado, pois na prática, acaba por ser uma peça de pasta azul claro decorada em azul cobalto. 
 A marca apresenta o já nosso conhecido cinto, neste caso, com três  furos para um lado, um no meio e dois para o outro e mais não me atrevo a dizer, pois sempre me baralhei com estas diferenças tão variadas e subtis. É do período Gilman Ldª.

O bule, feito de  uma pasta baça e grossa é  muito diferente do açucareiro e associa a decoração e o formato ao gosto oriental. É claramente uma peça que integrou um serviço de louça utilitária que não estava reservada para momentos especiais. O carimbo pertence ao mesmo período do açucareiro, mas com as tais diferenças nos furos do cinto.



Segue-se uma das quatro chávenas que tenho e não apresenta nenhuma marca. Especular sobre a sua origem nunca passará disso mesmo, no entanto, como curiosidade (a merecer um estudo mais aprofundado), refiro  que em França a conhecida  fábrica de cerâmica Creil-Montereau utilizou vastamente esta decoração que designou como Japon.

Finalmente as últimas chávenas e respetivos pires que ostentam a mesma  marca do período Gilman & Ctª.

 Para além deste carimbo, alguns pires apresentam algumas palavras e números incisos na pasta. Nenhum é igual ao outro. Num pode-se ler a palavra "Sacavém", noutro as iniciais "HM" e ainda um algarismo que me parece ser o 52. As chávenas não estão marcadas e apesar das semelhanças entre elas e os pires, nada nos garante que tenham pertencido ao mesmo serviço de origem.
Para terminar e agradecer a vossa leitura ofereço-vos um café no meu reduzido serviço de épocas diferentes onde se nota bem a presença da chávena intrusa.