As peças que mostro hoje
são produção da Fábrica de Loiça de Sacavém (FLS) e estão decoradas com um dos
motivos de que mais gosto. Quando me decidi a fazer este post quis saber o nome
desta decoração e, de pesquisa em pesquisa, descobri que na FLS é designada por
“motivo número 7”. Esta designação meramente técnica, de um motivo de
inspiração oriental, portanto um tema vasto, não deixa de surpreender numa
fábrica que nos habituou a nomes tão bonitos e imaginativos quanto Togo, Congo,
Júpiter, Metz etc. Aliás, uma das minhas curiosidades é saber quais as razões
da escolha dos nomes dos motivos e formas das peças de cerâmica. O que surge
primeiro? Será o padrão, o formato, ou será a designação? Mas,
curiosidades à parte passemos então à apresentação das minhas peças, que
pertencem a vários períodos de fabrico e foram compradas em diferentes
ocasiões.
Comecemos pelo açucareiro
de desenho modernista, que apresenta uma pasta muito brilhante e um azul
claro que tinge de forma uniforme toda a peça. Sabendo que o esborratado é
caraterístico da técnica aqui utilizada, o flow blue, considero, no
entanto, este meu açucareiro um tanto ao quanto inusitado, pois na prática,
acaba por ser uma peça de pasta azul claro decorada em azul cobalto.
A marca apresenta o já
nosso conhecido cinto, neste caso, com três furos para um lado, um no
meio e dois para o outro e mais não me atrevo a dizer, pois sempre me baralhei
com estas diferenças tão variadas e subtis. É do período Gilman Ldª.
O bule, feito de
uma pasta baça e grossa é muito diferente do açucareiro e associa a
decoração e o formato ao gosto oriental. É claramente uma peça que integrou um
serviço de louça utilitária que não estava reservada para momentos especiais. O
carimbo pertence ao mesmo período do açucareiro, mas com as tais diferenças nos
furos do cinto.
Segue-se uma das quatro
chávenas que tenho e não apresenta nenhuma marca. Especular sobre a sua origem
nunca passará disso mesmo, no entanto, como curiosidade (a merecer um estudo
mais aprofundado), refiro que em França a conhecida fábrica de
cerâmica Creil-Montereau utilizou vastamente esta decoração que
designou como Japon.
Finalmente as últimas
chávenas e respetivos pires que ostentam a mesma marca do período Gilman
& Ctª.
Para além deste carimbo,
alguns pires apresentam algumas palavras e números incisos na pasta. Nenhum é
igual ao outro. Num pode-se ler a palavra "Sacavém", noutro as
iniciais "HM" e ainda um algarismo que me parece ser o 52. As
chávenas não estão marcadas e apesar das semelhanças entre elas e os pires, nada
nos garante que tenham pertencido ao mesmo serviço de origem.
Para terminar e agradecer
a vossa leitura ofereço-vos um café no meu reduzido serviço de épocas
diferentes onde se nota bem a presença da chávena intrusa.