quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Francisco Xavier (1917 -2015)

Teve uma vida longa e plena. Nasceu em berço de ouro em plena avenida de Liberdade em Lisboa. Agruras da vida atiram-no a ele, mãe e irmãos para uma aldeia beirã sem água canalizada  nem luz. Tinha ele quinze anos e estudava no liceu Camões. Filho mais velho de seis irmãos transformou-se no homem da casa. Bom  conversador e um grande contador de histórias, sempre falou desses tempos vividos nas serranias da Freita, com um grande sentido de humor. As nossas memórias, as dos filhos e também as dos netos, estão repletas das suas narrativas desses tempos duros, vividos por ele, mas sempre com a tónica na  boa disposição. 
Foi o seu otimismo que o fez rumar a Angola, agora casado e com uma criança de meia dúzia de meses. A viagem demorou treze dias! Ele por lá ficou vinte e cinco anos.Como sempre, angariou o  respeito e consideração de todos os que com ele lidavam e construiu uma vida.  O vinte e cinco de abril interrompeu esta rotina  feliz e tranquila.Sucedeu-se um período de muitas angústias e aflições. Como ele gostava de dizer, começou outra vez pelo garfo e pela colher. Nunca perdeu o aprumo, a honestidade, o cavalheirismo. Talvez por isto tenha reconstituído a vida com relativa facilidade. O tempo passou até sexta-feira passada.
 Agora é a lembrança dele que nos apazigua a tristeza. Sei que o meu pai é  mais do que uma suave recordação. Ele é acima de tudo um exemplo para todos, especialmente para os netos que estão agora a começar a construir  as suas vidas num período com alguma similitude ao da  juventude do seu avô.