quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Mr Miller. Um homem que não gostava de chá.

 Nestas cibertertúlias é clara a paixão ou simplesmente o gosto pelas nossas velharias, umas mais antigas ou valiosas do que outras, mas todas elas recolhidas com um sentimento difícil de definir e que se situa entre  a exultação da descoberta de algo que achamos fantástico e o prazer simples e sereno de trazermos para casa um qualquer tareco que, por qualquer mistério da mente ou da alma, não conseguimos deixar para trás, mesmo que o espaço em casa comece a rarear. Acontece assim com grandes e pequenos colecionadores, sejam as suas coleções temáticas ou não. E é precisamente sobre um destes colecionadores que hoje venho aqui falar.

Meus tarecos
A mão querida da minha filha fez-me chegar uma notícia de hoje no  The Telegraph, sobre um tal Mr Miller, um homem que não gostava de chá e que tinha a maior coleção de bules da Grã-Bretanha. Mais de  de dois mil.
Mr Miller. (imagem daqui)
Este colecionador, arquiteto de profissão iniciou a sua coleção em 1970 com um bule do século XIX que lhe custou uma libra! A sua coleção tinha o propósito de reunir exemplares das mais variadas fábricas Inglesas. Para além de colecionador também foi um estudioso deste tema, tendo publicado dois livros.

Parte da coleção (  TheTelegraph)
Nunca tinha ouvido falar neste senhor nem na sua fabulosa coleção. A sua morte divulgou-lhe  a vida. Estou certa de que por esse mundo fora, muitos, tal como eu lamentam a sua morte e a compreensível venda deste autêntico tesouro. Preparei uma foto de alguns dos meus modestos bules para terminar como uma nota de humor. Mas a escrita tem coisas destas. Transforma-nos os sentimentos e a nota de humor dá lugar a uma singela homenagem a Mr Miller, uma alma com tantas afinidades a tantos de nós
A notícia completa


4 comentários:

  1. Alguns dos seus "modestos" bules são lindíssimos e difíceis de encontrar! Eu gostaria de os ter ... :-)
    Adorei a história deste Sr. Miller que aqui nos trouxe (vai-nos deixando aqui boas indicações, pois eu soube do blog de Andrew Baseman através de si) que, afinal, nem sequer gostava de chá.
    Eu, que não coleciono nada, pois não tenho nem a paciência, a dedicação ou mesmo a carteira recheada para o poder fazer, acabo por vogar ao sabor dos encontros que vou tendo com peças em antiquários, feiras de velharias ou outros locais semelhantes.
    E assim, quando elas olham para mim e me imploram para serem levadas - custa-me resistir a este pedido mudo das peças :) - vou comprando quando tenho a quantia necessária para ir de encontro ao que me é pedido, regateio sempre que posso, e depois ... enfio as peças em todos os locais onde encontro um sítio vazio, o que vai sendo cada vez mais difícil. Assim, nem sequer tenho as peças à vista pois os espaços de exposição são limitados e, afinal, as casas não são elásticas, embora por vezes pareçam, como foi o caso deste Mr. Miller, que construiu prateleiras especialmente adaptadas à exposição das suas preciosidades.

    Dentre todas as peças que são uma espécie de "fetiche" para mim, contam-se as terrinas (tenho uma fixação estranha por terrinas, vá-se lá saber porquê, e como elas ocupam espaço) e ... os bules, claro.
    Mas não quero deixar de repetir que alguns destes seus bules são mesmo muito bonitos e quero dar-lhe os parabéns e dizer-lhe que fico encantado por tê-los trazido aqui.

    Agora, e sem nada a ver com o tema que aqui trouxe, e, não obstante saber mesmo que a Maria Paula não era desta região, lembrei-me de si, pois estive ler um livro sobre a colonização da região de Moçâmedes no século XIX - "Uma Fazenda em África" de João Pedro Marques (uma edição da Porto Editora), com um bom trabalho de pesquisa por detrás, o que torna esta obra interessante, sem que, no entanto, seja um obra prima da literatura.
    Mas é muito curioso, pois esta colonização foi feita por portugueses provenientes do Brasil, da região de Pernambuco, após o ódio que os brasileiros votaram aos portugueses após a independência daquele país.

    Maria Paula, envio-lhe os cumprimentos e estou seguro que estará a passar por fases muito boas na sua vida, que, desejo, se prolonguem pelos tempos fora
    Manel

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    1. Caro Manel
      Obrigada pelos elogios aos meus bules. Já os tenho há alguns anos e a maioria comprados na fase ascendente do espírito de colecionador, embora não me considere tal, pois no fim de reunir uma dúzia de peças começo-me a questionar sobre o interesse disso e lá esmorece o meu entusiasmo :) Deste mal não padeceu o Mr Miller. Eu de facto disperso-me um bocado neste mundo fantástico das loiças e das velharias daí o não ter grande quantidade de coisa nenhuma :)
      Também gosto de terrina, mas são sempre mais caras, pois acabamos por pagar duas peças :) e isso trava-me o ímpeto da compra:).

      Obrigada pela referência ao livro de João Pedro Marques que certamente irei comprar. O tema interessa-me. Estive em Moçâmedes somente três ou quatro dias aquando da minha excursão de finalistas. Mais do que a cidade lembro as paisagens desérticas e as praias, que só não as recordo como paradisíacas, pois aí tive a minha pior experiência com o mar. Inconsciências da juventude :) Mas voltando ao livro, É interessante essa questão de uma região colonizada por portugueses idos dos Brasil. Desconhecia por completo. Muito obrigada por toda a atenção e um abraço para si

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  2. Maria Paula

    Dar-me-ia um jeitasso doido consultar a colecção do Sr. Miller, pois há pouco tempo comprei mais um bule e não consigo identificar o nome do padrão. Tal como Sr. Miller também não tenho juízo nenhum e neste momento devo ter bules para oferecer chá a umas cinquenta pessoas, apesar de na minha casa só caberem meias dúzia deles.

    Bjos e fico sempre contente quando regressa a blogoesfera

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  3. Caro Luís
    Já fui ver o seu bule.Lindo! Sabe que nessas casas de roupa em segunda mão aparecem autênticos tesouros pelo preço da chuva. Quando vou visitar a minha filha um dos meus passatempos é entrar nas dezenas e dezenas de "Charity Shops" que por lá existem. É fantástica a participação cívica daquela sociedade. Cada loja abraça uma causa e existem artigos e clientes de todo o género. Vendem imenso e todos ficam a ganhar. Já lá comprei peças muito interessantes e não compro mais por uma questão de transporte.Um beijo também para si e obrigada pelas boas vindas. Fico muito sensibilizada.

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