sexta-feira, 2 de junho de 2017

Duas chávenas para crianças

O Dia Mundial da Criança que ontem se comemorou, fez-me lembrar da minha pequena coleção de loiça infantil que anda um pouco desprezada, relegada que está, para um compartimento de arrumos. Este tipo de loiça com decoração própria para a criançada sempre exerceu em mim algum fascínio, provavelmente porque não me recordo de alguma vez, ter tido algo no género.
Assim, escolhi para aqui mostrar duas chávenas, cujas medidas se situarão entre as chávenas de chá e de café.

A primeira, uma produção da Sociedade de Porcelanas de Coimbra, para além da delicada decoração, rematada com um suave filete azul bebé, apresenta no bocal um relevo que lhe confere uma graça especial.Um animal, neste caso um gracioso coelho, dá a forma à asa Este formato foi muito usado por esta fábrica  na loiça para crianças. 

 O carimbo em verde apresenta as palavras “ Coimbra S.P. Portugal” e terá sido usado entre 1935-45. 

A segunda chávena, produção da empresa  Electro Cerâmica do Candal, sediada desde 1916 nesta freguesia de Vila Nova de Gaia,  teve as suas origens em Lisboa, na Avenida 24 de Julho (1912). Inicialmente vocacionada para o  fabrico de material elétrico em porcelana, por volta de  1930 começa também a produzir louça doméstica. 

Segundo informação recolhida aqui o carimbo desta minha chávena com decoração estival e  que apresenta uma elegante asa angular corresponderá precisamente a esse período. 
O outro lado da chávena com a frase " A chávena do menino" fez com certeza a alegria de muitas crianças. Terá também terá  facilitado a vida  a quem queria oferecer  alguma coisa ao menino, mas não sabia muito bem o quê. Problema resolvido! Estratégia de marketing  inteligente esta, a de, com uma frase simples, retirar a banalidade a um produto de forma a dirigi-lo a um consumidor específico.  

Para mais informação sobre a história da "Fábrica do Candal" ler aqui

4 comentários:

  1. Sempre que vejo louça com motivos infantis fico sempre a lembrar-me da que eu tinha em criança e de que tanto gostava.
    No entanto, nada resta, e não tenho praticamente nada deste tipo; mas têm um ar tão intimista e nostálgico que acabam por trazer à memória tudo aquilo que fomos um dia.
    Estas suas peças adequam-se completamente, pois têm a ingenuidade dos motivos, o colorido e o ar fresco e juvenil que soe ter a louça deste tipo.
    É sempre bonito ver estas suas peças, e ainda bem que as trouxe aqui.
    Uma boa semana
    Manel

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    1. Manel
      Não tenho essas memórias:) Acho que já o disse aqui. Talvez por isso tenha dificuldade em resistir a estas pequenas chávenas e canecas. Valem-me os preços elevados para travar os meus ímpetos de compradora ( só compro quando as encontro em preços razoáveis), caso contrário, talvez tivesse para aqui um grande ajuntamento de loiças deste género. Uma coisa que surpreende nestas peças é a delicadeza da porcelana. Foram com certeza crianças muito bem comportadas e cheias de boas maneiras as que usaram estas chávenas, caso contrário não teriam chegado aos nossos dias nestas excelentes condições. Sorte a minha :) Uma boa semana também para si

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  2. Maria Paula

    O colecionismo obedece muitas vezes a estranhos impulsos que se explicam por acontecimentos ocorridos há muito tempo, muitas vezes na nossa infância.

    Acontece-me muitas vezes comprar chávenas, pratos ou outras peças, apenas porque me fazem lembrar objectos que povoaram a minha infância. É como se através da sua posse eu pudesse de alguma forma agarrar para sempre um período qualquer longínquo da minha existência.

    Por exemplo, comecei a comprar cantão popular, porque na casa da família da minha mãe, que adoro, existem umas quantas peças desse motivo decorativo. Recentemente comprei um copo de vidro formato octogonal, que não vale um caracol, apenas porque era igual aos que eram usados nas caldas de Chaves e pelos quais eu via na infância a minha mãe, a minha avó e as minhas tias a beber água.

    O coleccionismo é sempre uma prática tremendamente sentimental.

    Bjos

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    1. Caro Luís
      Sabe que também comprei muita coisa com a perfeita consciência de que era um ato, chamemos-lhe, de reposição. Não tanto do objeto em si, mas antes, uma tentativa de resgatar pedaços da vida vivida numa terra, numa casa, com pessoas, com objetos que eu sabia ser muito difícil voltar a ver. Daí, ter algumas peças iguais às que havia em casa dos meus pais.Curiosamente nunca os vi fazer isto. Comprar algo igual ao que já tinham tido.Como em tudo, provavelmente, aqui também se colocará a relatividade das coisas e o impacto de um mesmo acontecimento terá consequências diferentes de individuo para individuo. Bjs e continuação de uma boa semana.

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