quinta-feira, 14 de abril de 2011

Azulejos de Faro

Continuando com as fotografias que tirei em Faro, mostro hoje, alguns dos azulejos mais bonitos que encontrei naquela cidade.

A maior parte destes azulejos, ao contrário do que acontece aqui no norte ( onde os azulejos ocupam integralmente a fachada das casas),  estão colocados de uma forma contida, formando frisos em jeito de remate. 


Achei, esta construção curiosa e interrogo-me sobre a sua função original. Parece-me, demasiado cuidada, para ser um espaço  de serviço. Será que foi construída para aí funcionar algum comércio? Não há construções novas adjacentes, o que exclui a hipótese poder ser o anexo de alguma boa casa, que por ali tenha existido. A porta larga, faz lembrar o movimento de entrada e saída de carros...

Este segundo edifício, já na Vila -Adentro ou Cidade Velha, talvez por deformação  profissional, fez-me lembrar uma casinha de bonecas :)
Os dois beirais,mas, principalmente o que encima a janela, parecem tirados da ilustração de um conto infantil.
Só as persianas fazem voltar à realidade...
Pormenores do friso, com flores-de-lis. 

Os dois frisos que se seguem, muito idênticos, reflectindo talvez um gosto comum na época, pertencem a duas casas comerciais, da Rua de Santo António, que já foi , segundo os Farenses, uma das ruas mais elitistas da cidade, com vários palacetes, onde viviam as famílias mais abastadas da cidade.

Com pena minha, tive que me ficar pela fotografia dos pormenores, pois não tinha ângulo suficiente, para fotografar a fachada dos dois prédios, na sua totalidade. Mas, talvez seja melhor assim. Nada de bonito teria para mostrar. Antes pelo contrário! Cartazes colados por cima de azulejos a merecerem melhor respeito, comércio tristonho, muitos, muitos fios de ligações eléctricos, enfim, acho que nos falta,  um certo  brio em manter cuidado o que nos pertence.
Tenho mais fotografias sobre os azulejos de Faro. Ficarão para a próxima. Fotografei tantos, que se os pusesse aqui todos de uma assentada, corria o risco  de vos ver fugir :)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Prato

Comprei este prato num conhecido site de leilões e o vendedor, que faz  uma descrição muito honesta das suas peças, esclareceu que o carimbo estava ilegível, mas que a sua origem provavelmente seria estrangeira. Informou ainda que o seu fabrico seria dos finais do século XIX,  princípios do séc. XX.


Depois de andar a olhar para o prato durante umas semanas, resolvi comprá-lo. O facto de por vezes, não  comprar de imediato determinada peça, nada tem a  ver com dúvidas, que eu  possa ter sobre a sua marca ou provável antiguidade. Estes pormenores, fundamentais para os grandes coleccionadores, não o são  para mim, embora, claro, perceba a importância da antiguidade numa peça. Entendo que  não devo comprar tudo o que atrai a minha atenção e tento resistir à compra, quando desconfio que estou meia compulsiva:) 


Mas voltemos ao prato, que está visto, não lhe resisti :)

É realmente muito bonito, de uma cor invulgar, entre o  castanho e  o cor de vinho.
O motivo principal é vulgar, apresenta uma cena romântica, com dois pares  de namorados,   passeando num jardim, próximo de uma pequena capela.
A aba é muito elegante com os seus arabescos e pequenas florzinhas.
Resumindo, gostei do prato e essa foi a principal motivação da compra. :)

Quando o recebi, e uma vez cumprida a árdua tarefa de o desembrulhar, começou o habitual ritual do mira e remira, lava, põe aqui ou acolá , até chegar a minha filha, que, quando vê  vestígios de embrulhos, me pergunta  entre o divertido e o terno  se sempre foi desta que levei a família à banca rota :)
Toda esta historieta para dizer que, tal como o vendedor informara, constatei que a marca era praticamente imperceptível, ou melhor, com algum esforço, conseguia-se perceber um  círculo, marcado na pasta. Perante isto, não voltei a pensar no assunto.
Num belo serão, em que me sentei noutro lugar, que não o habitual  (herdei do meu pai a "mania" dos lugares marcados), o prato ficou no meu campo de visão, como que a lembrar-me, o  desinteresse , a que a sua origem  fora votado
Foi então, que resolvi ir buscar a lupa para tentar perceber,  a desgastada marca.
 De observação em observação, comecei a reparar, que havia outro pequeno círculo, no interior do mais visível, e que o traço deste, não era igual por todo, até que consegui vislumbrar uma âncora.
Chegada aqui, compreendi, que à parte superior do círculo deve corresponder um nome, talvez o da fábrica e à parte inferior, correspondem os dois braços da âncora, aliás bem visíveis na foto que eu tirei  no modo macro,e  o  meu filho Vasco editou ( quanto a mim muito bem, pois conseguiu tornar a imagem da marca totalmente perceptível).

A âncora é um elemento comum a muitas épocas e fábricas, o que dificulta ainda mais a identificação.
As minhas pesquisas pela net, levam-me a crer, que seja da Davenport e bastante antigo, aliás, para além das   marcas de uma  trempe, bem visíveis, pode-se também ver um número 6 pintado a vermelho.  
Não encontrei nenhuma  marca exactamente igual a esta, pelo que se mantém a incógnita,  e, enquanto assim for,  a curiosidade manter-se-á espicaçada, o que é sem duvida  uma mais valia, para alguns serões mais monótonos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Cesária Évora


Não sei se já o  disse aqui, mas gosto muito de música. Não posso dizer que gosto mais de um ou outro  género musical, pois neste campo o meu gosto é variado. Oiço com o mesmo prazer uma música dos Metállica,ou uma boas versão musical  a capella,como por exemplo esta.Talvez isto se deva ao facto de ter crescido numa época e numa terra em que se convivia muito, não só a  nível familiar como social, pois não restavam grandes alternativas, e uma delas, era precisamente a música, através da rádio. Gira-discos, só muito mais tarde.Outro dia, na festa de anos da minha sobrinha pequena ( tem cinco anos), ela ouviu falar em gira-discos e perguntou o que era isso :)
Mas onde ia eu? Já sei, dizia, como os meus gostos musicais são ecléticos, e que o meio em que cresci balizado por culturas tão diferentes, provavelmente terão moldado a minha sensibilidade musical para a diversidade.

Neste meu gosto tão variado,não podia faltar a música africana.Gosto especialmente da música de Cabo Verde, das mornas e coladeras, que sempre ouvia serem tocadas nas noites quentes da minha terra, pela comunidade cabo-verdiana, que ali vivia.

Gosto deste encontro de vozes e de fonias geograficamente tão distantes, e tão harmoniosas, quando juntas pela linguagem universal da música.
Bom fim de semana.