segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Faianças e panos do Congo

 Gosto muito deste prato de sopa rústico e colorido e  mal o vi percebi que seria muito difícil não o comprar. Não opinarei sobre a sua proveniência, pois não consigo identificar nenhum elemento na sua decoração que me remeta para um tipo específico de produção.


Não terá sido prato de casa "fina", mas se o foi, não terá certamente, passado da cozinha.Tenha ele servido quem serviu, o certo é que, para além de  lhe achar  qualquer coisa de familiar, gosto estranhamente dele e só há pouco tempo descobri porquê. Faz-me lembrar os coloridos panos africanos, que em Angola são designados por "panos do Congo", nome que tem a ver com a sua origem e que chegaram, em tempos remotos a ter o valor de mercadoria  moeda. Claro que nesta altura, os "panos", não passariam de pequenos pedaços de tecido feitos à base de fibras vegetais, cujas únicas cores deveriam  ser as da matéria prima com que eram produzidos e não tinham semelhanças com os actuais, cheios de cor e padrões variados.

Amostra de um "pano do Congo"retirada do ladyholiday.blogspot.com 

Foto retirada da net e que mostra a riqueza e variedade dos padrões dos "panos do Congo". Agradeço a fotografia ao autor que não consegui identificar.

Nos inícios da década de setenta, em Angola, as jovens apropriaram-se do uso destes tecidos e foi grande  moda fazerem com eles, saias compridas ou curtas, as famosas maxi e mini-saia :), garridas e exuberantes, normalmente acompanhadas de sapatos com solas muito grossas e saltos a condizer :) Usávamos estes tecidos e desconhecíamos por completo que cada padrão contem um nome, uma ideia ou até mesmo  um provérbio, e que assim, cada pano que se veste  envia uma mensagem a quem nos vê. há-as relacionadas com o casamento, a família, acontecimentos, intrigas etc. Em baixo eu, com uma saia feita de um "pano do Congo" e um grupo de amigos.

 Post estranho este! Começo nas faianças portuguesas  e quando dou por mim já estou estou na minha terra :) Pensando melhor, não é tão estranho como parece, este post. São objetos do meu afeto, consegui juntá-los e isso dá-lhes um sentido único.Eu, por mim, sinto-me feliz depois desta escrita.Tanta coisa que este prato me fez lembrar :) E é assim que eu gosto de recordar, sem cheiro a mofo, com saudades, mas sem saudosismos piegas.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Bancos de jardim e não só

 Aqui no norte fizeram desaparecer grande parte dos  velhos e encantadores bancos de jardim feitos de ripas de madeira, regra geral pintados de vermelho. Tenho pena que isso tenha acontecido. Eram bonitos, mais ergonómicos do que os paralelepípedos graníticos (polidos!) que agora se veem com frequência. Estes, são duros, frios ou quentes, conforme seja  inverno ou verão, não nos deixam descansar  confortavelmente, parecendo antes, estarem permanentemente a fazer-nos um convite para continuarmos o caminho. Tenho visto soluções inovadoras harmoniosas e perfeitamente enquadradas no meio,  conseguindo manter o encanto do clássico e do tradicional sendo exemplo disto, este banco do jardim da Catedral de Santa María de Vitoria.
Os bancos que se seguem, não são propriamente de jardim, mas antes bancos de lago:) neste caso o lago Léman, e estão estrategicamente espalhados ao longo das suas margens, convidando uns, ao descanso, à contemplação, ao silêncio...
...outros, convidam a dois dedos de conversa, e há ainda um terceiro grupo, que  não se importando de servir de mesa para o portátil ou de banqueta para descansar as pernas, nos convidam a esquecer os caminhos que nos aguardam.
O que se segue é nosso, é nacional, e apesar de ser um "quente e frio" gosto dele. Quem sabe a que jardim pertence este banco? :)