Hoje mostro mais uma fachada integralmente revestida a azulejo,
num dos raros casos que conheço aqui pelo Norte onde foram utilizadas duas
cores. Esta casa fica situada numa rua muito próxima desta,da
qual já falei, também a propósito dos azulejos de fachada. São ruas muito
antigas da cidade de Braga que existiam já na Idade Média e que na segunda
metade do século XIX sofreram grandes obras de requalificação, que lhes
alteraram completamente a aparência de origem medieval.
Rua da Erva, rua do Poço, rua da
Judiaria Velha ou rua de Santa Maria foram as várias designações toponímicas
que a atual rua D. Gonçalo Pereira sofreu ao longo da Idade Média.
Como digo no inicio, nunca vi aqui pelo Norte fachadas
revestidas a azulejos de duas cores. No Rio de Janeiro esta opção foi
frequente, conforme vamos tendo oportunidade de ver no blogue do
nosso amigo Fábio Carvalho. Na Cidade Maravilhosa este
revestimento a duas cores, toma as mais variadas conjugações. Será que há
alguma relação entre estas opções e o temperamento ou o gosto estético de cada
povo?
Mas voltemos aos nossos azulejos, que eles sim são o tema do post de hoje. Gosto da combinação do cor-de-rosa e do castanho,
mas, sem dúvida, que é o friso em estilo Arte Nova, que confere toda a beleza
ao edifício. Bem, por uma questão de justiça não podemos ignorar a
graciosidade do ferro forjado utilizado nas varandas, janelas e portas.
As linhas
ondulantes que se enroscam e entrelaçam emoldurando a
margarida e a pomba são bem significativas do estilo do período Arte Nova.
Estas linhas serpentadas são conhecidas como “linhas em chicote” e
a origem desta designação está na analogia estabelecida entre o trabalho de
tapeçaria de Hermann Obrist, Cyclamen, e as correias dum chicote. Hermann Obrist foi um escultor suíço que integrou o
movimento Arte Nova e que, para além da escultura se destacou
também noutros campos da arte.