Gosto que a
banca da loiça da minha cozinha se encontre em frente à janela. Para além da
luz natural que me cega logo pela manhã dos dias bonitos, dali, posso ver parte
da minha pacata rua, particularidade que me foi muito útil nos tempos em que
tinha que conciliar o trabalho na cozinha com a vigilância dos meus filhos
enquanto corriam rua acima, rua abaixo. Bons tempos! Hoje, o meu olhar
desvia-se da rua e prende-se noutros pontos de interesse. Olhar o jasmim-amarelo, ou a cautela dos melros, embevece-me. Olhar a casa que cresce mesmo ao
lado deixa-me perplexa! Parece a Kaaba! A sério. É um cubo todo forrado com
umas placas pretas!! Bom, mas que cada um seja feliz com o que gosta. Hoje só
venho falar da cortina desta janela.
Cortina de
cozinha, perto do local de mais movimento não pode estar limpa por muito tempo.
E se não sou maníaca das limpezas há o mínimo que gosto de garantir. Mas, como
também sou muito prática sempre rejeitei soluções que não me permitissem tirar,
lavar e voltar a pôr as cortinas no sítio rapidamente e sem grandes
dificuldades. A primeira solução que arranjei foi muito engraçada, durou anos,
mas acabou por morrer de velha. Não quis repetir a fórmula, andei uns meses com a janela despida, até que me lembrei dos estores de rolo. Reunia todas as condições que eu pretendia, ainda com a vantagem de poder regular a altura de acordo com a tarefa, ou com o momento do dia.
Meu dito meu feito, lá pus a cortina que apesar de funcionar muito bem, não me agradava totalmente.Tinha um aspeto demasiado industrial e impessoal.
Um belo dia surgiu a
ideia. Tirei-lhe a régua do remate e cosi-lhe uma franja com borlas e... voilà:) Resolvi o problema. Com esta simples aplicação retirei-lhe
aquele ar de cortina de escritório e pu-la verdadeiramente a meu gosto, achando eu, que fica muito bem junto dos meus bules.