quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Bule bojudo de Sacavém



Passado um ano sobre o meu último post, eis-me de volta, cheia de boas intenções e de promessas, feitas a mim mesma, espero que não vãs, em como irei manter o blogue atualizado, o que, a verificar-se,  será uma verdadeira mais valia, da qual não deverei desistir. Aqui falo das coisas de que gosto com pessoas que muito estimo, leio, escrevo, coordeno ideias, enfim, um exercício cognitivamente estimulante, com especial importância para mim, que já não tenho que o fazer profissionalmente.

Mostro hoje, um bojudo bule de Sacavém decorado em tons de castanho, onde dois passarinhos seguram uma cartela com um arbusto despido de folhas, remetendo-nos facilmente para um ambiente outonal.


Apresenta carimbo da Real Fábrica de Sacavém usado entre 1886 e 1894 e segundo informação da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém era frequente adicionar-se o nome do motivo decorativo. Não é este o caso, o que é pena, pois não sendo muito vista esta decoração, mais difícil será chegar-se até essa informação.
Este bule é mais um dos frequentes exemplos, em que para além do carimbo da marca do fabricante, tem também o carimbo de uma casa comercial, neste caso do Bazar Central, no Porto. A Maria Andrade, do blog "Artes, livros e Velharias" mostra-nos alguns exemplos destes, todos eles, tal como este meu, dos finais do século XIX. 

O Bazar Central numa fotografia publicitária de 1941 in Panorama,Revista de Arte e Turismo Aqui
Creio que hoje já não existe este hábito de personalizar  serviços de mesa e outras louças utilitárias, contudo, ainda há pouco tempo vi uma chávena de café com os dois carimbos. Um, da Casa Tamegão, outra casa histórica do Porto, e outro, da Vista Alegre usado entre as décadas vinte e quarenta do século passado

Voltando ao Bazar Central, ainda há poucos meses ele existia enquanto casa comercial e  para não fugir à regra do comércio que predomina de forma sufocante nas nossas cidades, vendia roupa e afins.Segundo li encerrou em setembro para "obras profundas no edifício". Mais um hotel?

O  Bazar Central na atualidade. Foto de Fritz Grögel