O meu medo de andar de avião aliado ao fascínio que sempre senti pelas viagens de comboio levaram-me a mim e à minha família, a optar por este último meio de transporte quando chegam as férias. E por causa deste meu medo irracional tenho feito belíssimas viagens de comboio, que, não troco por nenhum voo rápido e cómodo. Mas este post não é para falar das minhas aventuras ferroviárias, mas sim dos painéis de azulejos que revestem a estação de comboios de Vilar Formoso, que eu já atravessei algumas vezes no nosso mítico e tristemente degradado comboio sud expresso, que liga Lisboa a Paris e que este post do Fábio Carvalho me fez recordar.
São cerca de cinquenta painéis belíssimos (executados na Viúva Lamego e alguns da autoria do pintor João Alves de Sá), representando quadros variados, que vão desde alguns dos nossos monumentos nacionais, até às paisagens e trajes típicos.Na época seriam praticamente, um roteiro turístico para quem chega :)
O primeiro painel mostra-nos um plano da rede ferroviária da Beira Alta, e das estradas de ligação às centrais de camionetes o que, para a época, deverá terá sido muito útil.
O painel que se segue dispensa apresentações. Representa a Torre de Belém, um dos nossos mais emblemáticos monumentos, e ex libris de Lisboa.
Em baixo, a igreja românica de Cedofeita, de seu nome próprio, Igreja de S. Martinho de Cedofeita. Os historiadores dividem-se quanto à data da construção da igreja original; uns apontam para o ano de 446 e outros defendem o ano de 559. As duas versões, no entanto, atribuem-lhe origem Sueva, estando a última hipótese ligada à lenda, da cura do filho do rei Suevo Teodomiro. As figuras de S. Martinho de Tours e do bispo de Braga, S. Martinho de Dume estão ligadas a esta lenda.
Já fora do edifício, um singelo painel, com uma cercadura de folhas de loureiro e carvalho, ostenta o escudo nacional e anuncia a quem chega, o nome de Portugal, marcando a transição entre os dois países.
As poucas fotografias que aqui mostro, não fazem de forma alguma justiça à beleza do conjunto destes painéis de azulejos, por isso, deixo-vos aqui um filme muito bonito, sobre a estação de Vilar Formoso, o qual, agradeço desde já ao seu autor.
O mais engraçado é que quando eu vi o post no Google Reader, antes de ler o texto, eu pensei exatamente em como estes painéis tinham semelhança com o da Floresta da Tijuca!
ResponderEliminarObrigado pela lembrança e citação. Mas estes são bem mais ricos, sem contar que é um conjunto enorme! E para o meu olhar amador, de turista, me parecem "encaixados" em uma arquitetura muita adequada aos mesmos.
abraços!
Olá Fábio
ResponderEliminarO painel da Floresta da Tijuca e este da estação de Vilar Formoso são tão semelhantes na sua conceção que é inevitável a associação de ideias e, o seu uso para este fim, é mais um exemplo da versatilidade dos azulejos.
Tem razão quanto à arquitetura do edifício que recebe estes azulejos pois é uma construção muito caraterísitca das estações ferroviárias de Portugal, onde os materias tradicionais não foram desprezados. Granito, telhas e beirais, formam conjuntos lindíssimos com os azulejos.
Abraços
Maria Paula
ResponderEliminarA melhor florma de evitar essas macacadas brancas que lhe apareceram no post é passar o on rascunho dos seus esccritos para um documento texto, com a terminação .txt, também conhecido por bloco de notas. Fui durante alguns anos webmaster de um site institucional e aprendi que quando queremos evitar formatações incontroláveis no texto é passar tudo primeiro para um documento txt.
Durante anos investiram-se milhões nos caminhos-de-ferro e construíram-se estações lindas por todo o País. Hoje as linhas estão desactivadas e há estações abandonadas por todo o Portugal. Vivam as auto-estradas.
bjos
Caro Luís :)
ResponderEliminarE já está a correção feita com a sua preciosa ajuda. Não imagina as voltas que dei para tentar tirar aquelas marcas! Não sabia que o bloco de notas era tão útil.
É uma pena Portugal,não ter apostado mais nas ligações ferroviárias. É um dó de alma ver as pequenas e lindas estações do interior do país completamente abandonadas, invadidas por silvas e ao mesmo tempo ver as suas populações, cada vez mais isoladas.
Um abraço e mais uma vez obrigada.
Maria Paula,
ResponderEliminarA dica do Luis é ótima não apenas para evitar formatações indesejadas, como ainda serve de backup para o caso do post dar algum galho e não ser publicado. É ótima também para quem escrever longos comentários, que ás vezes, infelizmente como sabemos, não são publicados quando pressionamos o botão [Publicar].
Mas no próprio editor de postagens do blogspot há um botão, lá pro lado direito da barra de botões do editor, é o penúltimo, antes do "Check Spelling", cujo desenho é um "T" com um pequeno "x" do lado direito, cuja função é "limpar" o texto de toda e qualquer formatação. Eu o descobri pois começou a aparecer texto "pintado" de branco também nas minhas postagens em meu blog.
abraços
Caro Fábio
ResponderEliminarMuito obrigada pelas achegas.Na verdade tenho que muito que aprender:)Sabe que tentei usar a tal ferramenta em forma de T, mas qualquer coisa falhou porque não surtiu efeito nenhum e lá continuaram as barras brancas.Mas sabe o que é mais curioso? É que quando eu via o meu blog no computador da minha escola, as tais barras brancas não apareciam! Andava confusa de todo :)Quanto ao bloco de notas,nunca perdi muito tempo a pensar nele :) e afinal é uma ferramenta tão útil.
Abraços e mais uma vez obrigada
As venturas e aventuras da publicação de textos no mundo virtual.
ResponderEliminarConfesso ser um completo "nabo" nestas coisas ... limito-me a escrever e a esperar que Deus Nosso Senhor coloque as palavras preto no fundo que for. Com alguma fé cega lá consigo que isso aconteça, mas ...
Estes painéis sempre foram meus conhecidos, pois uma das grandes amigas da família, amizade estabelecida durante a ida da minha mãe para Moçambique em 1944, no paquete com o mesmo nome (ou seria o "Niassa" ... já não estou certo), era de Vilar Formoso, e a visita a esta senhora, quando vínhamos à Europa, era algo obrigatório.
Naquele local vivemos as aventuras mais mirabolantes, como idas a Espanha "a salto", fugindo aos "carabineiros", a compra dos inevitáveis caramelos e outros produtos alimentares e, na altura, os inevitáveis atoalhados, que depois nos chegavam através de "contrabandistas" que os passavam pela calada da noite ... a minha mãe tinha sempre uma aventura fantástica de cada vez que ia até Vilar Formoso. Dada a minha tenra idade, nem sempre me deixavam partilhar das aventuras, mas quase que me tinham de adormecer à força! Sempre fui algo viciado na adrenalina! :-)
A localidade em si não é bonita, mas o conjunto de azulejos que ornamenta uma arquitetura proveniente do modelo da "casa portuguesa", instituído por Raul Lino, é bem caraterístico de uma época em que tentaram realçar valores algo esquecidos.
Não estou certo que o espírito que estava na base do aproveitamente destes valores pelo Estado Novo fosse o mais correto, mas que ele deu forma a uma arquitetura muito feliz, não tenho dúvida. E tenho pena que não se tivesse continuado a trabalhar nesta procura com base em valores próprios em vez desta rejeição quase patológica do "antigamente" em prol ... nem sabe bem de quê.
Em vez disso viu-se o aparecimento desta amálgama de construções informes, anónimas, estereotipadas e sem sentido que invade o Portugal construído contemporâneo, e que tão infeliz é! Não só é infeliz, como também nos torna mais infelizes.
Um bom final de semana, e as férias estão quase aí :-)
Manel
Olá Manel
EliminarSabe que viajei no "Moçambique"? Foi na minha viagem de regresso a Angola, depois de dois anos passados aqui em Portugal, isto mais ou menos em 62/63.Foi uma viagem memorável :) Viajei com o meu irmão mais velho (na altura único irmão) e com uma tia que passou a grande parte dos oito dias de viagem, enfiada no camarote completamente enjoada. Resultado! Ficámos praticamente entregue a nós próprios :) e aos cuidados de todo o pessoal de bordo, especialmente dos oficiais :) que nos estragavam com mimos, como convinha, afinal eramos sobrinhos de uma tia linda e casadoira:)
Conheci Vilar Formoso já adulta e é como diz uma terra desinteressante, que, como muitas outras ali da região cresceram à sombra do caminho-de-ferro.O edifício da estação contém uma série de elementos estéticos que formam um conjunto muito bonito. Os azulejos são uma explosão de cor e pormenor, mas, os discretos beirais são um encanto. Ultimamente apareceram uns "acrescentos" que já começam a desfear o conjunto. Oxalá a crise valha para alguma coisa e vá adiando certas obras, para épocas mais inspiradoras :)
Uma boa semana
Olá Maria Paula,
ResponderEliminarRealmente a estação de Vilar Formoso é um bom cartão de visita para quem chega a Portugal de combóio e para quem parte, leva uma bela recordação naquelas imagens na nossa arte maior que é o azulejo.
Também sinto uma grande frustração por saber que muitas estações lindas como esta têm sido sucessivamente desativadas e, como diz o Luís, viva o asfalto!
Sabe que eu ainda gostava de fazer um inter-rail? É que já há inter-rails para séniores!
Temos que pensar nisso ;)
Abraços
Olá Maria Andrade
ResponderEliminarEngraçado referir o inter-rail. Este ano, pela primeira vez, compramos um bilhete inter-rail. Se o soubermos usar,utilizando-o para as viagens mais caras,compensa grandemente. Depois conto-lhe a experiência. Como amante de viagens de comboio, estou pior do que os meninos a contar os dias que faltam:)
Tenho vários planos para quando me reformar.Um deles é precisamente fotografar as pequenas estações e apeadeiros do interior do país. Só espero chegar a tempo. Não percebo como a CP, não compila todo o precioso espólio espalhado por aí,completamente abandonado e ao Deus dará.
Um abraço para si e boa semana
Se algum dia se perder por aqui e tiver o tempo, ou a vontade, e apesar de não restar quase nada, só escombros, talvez lhe agrade a estação de uma antiga linha do Alentejo, denominada de Cabeção, entre Mora e Pavia, que se encontra situada num ermo muito bonito, e de grande bucolismo. Da estrada vê-se pouco mais que uma ruína, e até pouco convidativa, mas parando e percorrendo todas aquelas edificações, não esquecendo o entorno, fica-se com uma sensação esplendorosa do agradável que a vida por ali deve ter sido há muitas décadas atrás.
ResponderEliminarManel
Este comentário foi removido pelo autor.
EliminarManel, muito obrigada pela sugestão que fica registada e não será, de forma alguma, por falta de vontade que não irei ver a velha estação que me recomenda e que eu acredito, depois ter lido o que escreveu,ser cheia de encanto. Conheço mal o Alentejo e sou-lhe franca, nunca tinha ouvido falar de Pavia no Alentejo:( Mas não perdi tempo :) Fui ao Google Earth e já localizei os três pontos de referencia que me deu. Não consegui identificar nenhuma linha férrea, mas as imagens são muito nítidas e estou convencida que será uma questão de tempo.
ResponderEliminarUm abraço para si
Maria Paula