segunda-feira, 21 de junho de 2010

Janela - Mealhada

Esta janela teve o condão de me remeter para as ilustrações dos livros infantis. Talvez pelo desenho ingénuo das cortinas, ou pelo contraste forte do azul, do amarelo e do castanho, ou ainda pelo encantador rendilhado do ferro, no remate inferior. O certo é que, perante esta janela senti-me como, quando em criança, me extasiava com as magnificas ilustrações dos meus livros de histórias. Eram livros com a capa dura e forrados em pano, num verde seco. Eram pouco ilustrados, de onde a onde havia um pequeno desenho a preto e nada mais. Mas, no início de cada história, havia uma página primorosamente decorada, recheada de pormenores. Hoje penso, que até seriam reproduções, de obras de pintores mais ou menos reconhecidos. Não sei se naquela altura, no nosso país, já se fariam ilustrações propositadamente para histórias infantis. Quando vou a alfarrabistas, ou navego por sites de leilões, espero sempre encontrar algum livro dessa colecção, mas até hoje ainda não encontrei nada. Maria Gabela

4 comentários:

  1. Linda janela

    Como já lhe disse encanta-me essa sua ideia de fotografar janelas, portas, portões ou macanetas. Pelas nossas cidades há peças lindas, que estão prestes a ser substituídas por alumínios impessoais e desengraçados

    A pintora Maluda ja teve uma série muito popular de Janelas, mas o tema não se esgotou, até porque ela retratou sobretudo as janelas lisboetas.

    Abraço

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  2. As janelas têm o condão de me fazer querer adivinhar o que se passa por detrás delas ... cusquice pura e dura, mas que fazer?
    Encanta-me perceber se as janelas têm portadas ou não (tenho paixão por portadas!) e sobretudo observar que vestimenta levam; aqui procuro verificar se as cortinas são daquelas de alvo linho, bordadas, ou de renda com padrões apelativos (há gente com uma criatividade fantástica na confecção de padrões para as suas rendas!) ou vulgares de Lineu, quando apresentam daqueles tecidos meio anónimos comprados nos cigamos ou na feira, dessas que enxameiam semanalmente os nossos burgos, ou se são vestidas de forma opulenta, com veludos ou damascos ou ainda se acaso estão nuas, ainda que com alguém ali a viver (as tendências minimalistas tão em voga hoje em dia), enfim ... procuro adivinhar a personalidade das pessoas que essas janelas levam dentro.
    Esta em particular apresenta um elemento em ferro que imita as rendas, o que lhe confere um cunho muito bonito e distinto, as fantásticas portadas, ainda que não almofadadas, como o são as mais opulentas, e, por detrás dos vidros, o tecido industrial cuidado e, noto, com alguma busca por uma originalidade na sua colocação; reparo que um dos vidros foi substituído não há muito tempo, ainda que sem grande cuidado, as bandeiras que aumentam e conferem amplidão ao vão, e o jogo dialogante entre os materiais e as suas cores: a tijoleira, cuja tom foi escurecido, apesar de já se apresentar corroída aqui e ali, as madeiras e o ferro pintados de azul céu, o tecido esbranquiçado e a parede em tonalidades de amarelo ... é uma sinfonia! Só falta ver as sombras de uma face a adivinhar-se, mas, com as portadas, tal seria impossível.
    Gosto muito da sua capacidade de observação e registo!
    Um bom final de semana.
    Manel

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  3. LuisY
    Obrigada pelo seu comentário.
    De facto encantam-me os pormenores das casas de outras épocas, e, causa-me dó verificar que não são valorizados nem tão pouco protegidos por quem de direito.
    Bem sei que não podemos, ou, talvez, não devamos ficar demasiadamente agarrados ao que já existe; Criar e recriar é legítimo, mas é pena não estar mais enraizado na nossa cultura, o hábito de preservar o que há de belo pelos nossos burgos. Fotografar todos estes elementos é uma forma de poder ter em meu poder coisas de que eu gosto, e que de outra forma nunca conseguiria.
    Um abraço para si
    MariaGabela

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  4. Manel
    Como sempre gosto da maneira como disserta sobre as minhas fotografias.
    É um outro olhar. Neste caso, ( e noutros) o olhar de quem sabe do que fala.
    Também eu “padeço” do mal, de gostar de divagar sobre o que se passa por detrás de janelas, que por um motivo ou por outro atraem a minha atenção. E quantas vezes, janelas entreabertas, nos deixam ver um bocadinho de cada casa; o candeeiro de pé alto lá ao fundo, a cor da parede, o quadro que não se consegue ver muito bem, o silêncio ou o som que nos chega.
    Esta janela pertence a uma casa pequena, de um só piso, que deixa adivinhar os muitos anos que já tem. Num dos lados recebe já a sombra de um prédio, incaracterístico. Estou convencida de que não resistirá por muito mais tempo.
    Um abraço e obrigada
    MariaGabela

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