Com uma decoração
invulgar, este pequeno prato cativou-me com o seu engraçado boneco a tocar
harmónio e a dirigir-se, quem sabe, para alguma romaria minhota. Aqui no
Minho é grande a tradição das harmónias ou, como se diz por cá, das concertinas.
Nas Feiras Novas (as festas de Ponte de Lima desde 1826) há tocatas de
concertinas à mistura com cantares ao desafio mais ou menos informais em todos
os largos e ruelas da vila, o que dá a estas festas uma alegria e autenticidade
únicas.
Mas centremo-nos neste prato. A
figurinha central era-me vagamente familiar e numa visita a casa de uma cunhada
reparei numa pequena peça em vidro, creio que um cinzeiro decorado com um par
de dançarinos muito idênticos ao meu tocador de concertina. Percebi que os “bonecos”
tinham saído do lápis do mesmo autor, dei-me por satisfeita e não pensei mais no assunto.
Vagueando pela internet fui ter a um
blog meu velho conhecido e que prezo muito, o Almanaque Silva, e de pesquisa em
pesquisa descobri que o criador do meu “Homem do harmónio” foi um ilustre
designer e publicitário português, Manuel Piló (1905-1988), que teve um percurso
de vida um tudo ou nada itinerante, tendo vivido na Argentina, Estados Unidos e
Brasil.
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" O homem do harmónio" |
Fonte: Almanaque Silva