quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tigelas

As  duas peças, que mostro a seguir,vieram da casa da minha cunhada,juntamente com o escorredor de aguardente e foram das últimas coisas a serem descobertas na velha casa. Estavam escondidas num  armário, da grande cozinha. Já ninguém se lembrava da sua existência. Estavam lá estas, e muitas mais, todas muito antigas, muito esquecidas.

A que se segue, tem o  condão de me estar a despertar o gosto por este tipo de decoração, os esponjados.
Não  me sentia atraída por este género de borrões ou carimbos, Nunca comprei nenhuma peça assim decorada, nem tão pouco perdia tempo a olhar para elas.O certo é que agora, de tanto olhar para esta tigela, e também para algumas peças que a  Maria Isabel vai mostrando,começo a achar-lhes alguma piada.
Não está marcada.




Esta segunda peça  a que chamo saladeira, tem uma decoração invulgar, de inspiração oriental.Mal a vi lembrei-me das pequenas flores de cerejeira, símbolos do Japão.

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Tem marca da Lusitânia. Também tenho cá em casa o  Dicionário de Marcas de Faianças e Porcelanas Portuguesas, mas a marca carimbada nesta peça não consta deste  livro.Só aparece uma marca correspondente a esta fábrica.É apresentada,como sendo dos  finais do séc. XIX, inícios do séc. XX. e, igualmente na cor verde.


 Não sei se vou dizer disparate,mas penso que esta marca poderá ser de uma fase mais recente.Parece-me muito mais elaborada do que a que consta no livro, e, não se porquê, acho que, quanto mais perfeita e elaborada for a marca, mais recente é a peça.Não tenho nenhum fundamento para pensar assim...
Um bom fim de semana
Maria Paula



7 comentários:

  1. Olá Maria Paula
    Engraçado ter-se encantado pelos esponjados ao apreciar as minhas peças. Sabe, gosto em particular de faiança e dentro do que se fabricou, os esponjados são graciosos pelas cores.Provavelmente a primeira tigela ou bacia é de Coimbra. Quanto à segunda é de facto muito airosa, o ramalhete faz lembrar as cerejeiras japonesas. Lamento não poder ajudar sobre o carimbo. Acontece que comprei um livro sobre cerâmica portuguesa e outros Estudos de José Queiroz com dicionário de marcas e não tem uma única da fábrica Lusitânia.Uma desilusão.No entanto tenho algumas peças desta fábrica e nenhuma com este carimbo o que me atrevo a dizer que esta sua peça é mais antiga do que julga.Tenho a certeza que alguém dirá da sua justiça sobre este enigma
    Beijos
    Boas Festas
    Isabel

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  2. Esta segunda peça que apresenta, Maria Paula, não creio que possa ser nem de finais de século XIX nem dos primeiros anos do século XX, pois a marca do seu prato apresenta as letras "CFCL", que está relacionada com o período após 1919, em que a fábrica (iniciada em 1890 por Sylvan Bessière) perde o seu carácter familiar, por morte do fundador, e torna-se na Companhia da Fábrica de Cerâmica Lusitânia (CFCL).
    As marcas da Lusitânia aparecem associadas a outras fábricas, que, em falência, são adquiridas, sobretudo após a crise de 1929, como é o caso de Massarelos (adquirida em 1936), no Porto e, em Coimbra, onde aparece a Lufapo; a par disto a fábrica possui também vários pólos espalhados por Portugal, que inclui Setúbal, Vila Franca de Xira e Montijo.
    Por isso as marcas da Lusitânia são diversificadas e com variantes (o Luís fez um post sobre este assunto e apresenta várias marcas desta fábrica).
    Por outro lado, quer a técnica utilizada no motivo deste seu prato, o aerógrafo, quer o próprio desenho apontam para uma data mais recente, como, aliás, a própria Maria Paula coloca como hipótese, e creio que estará certa.
    Eu colocaria como hipótese uma data mais à volta dos meados do século, mas sem certeza.
    Quanto aos esponjados, sou um aficionado, e tenho muito prazer em vê-los surgir em todas as cores e feitios, que podem incluir os azuis, o vinoso, amarelos, castanhos, esverdeados ... sobretudo na decoração de "ratinhos", azulejaria pombalina e posterior, mangas de farmácia, faianças de Coimbra e quejandas. Gosto imenso desta sua tigela.
    Espero que tenha um Natal descansado e com tudo de bom
    Manel

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  3. Olá Isa
    É verdade. Não me sentia atraída, pelos esponjados, mas de ir vendo as suas, fui começando a reparar neles; entretanto, veio-me parar às mãos esta bacia e comecei a achá-la particularmente bonita. Confesso até, que revisitei posts seus, para me certificar, de que a minha peça, não teria nada a mais do que as suas:)Comecei então a perceber,que muito simplesmente, estava a começar a gostar deste tipo de decoração.
    Beijos para si
    Maria Paula

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  4. Manel
    Obrigada pela confirmação,das minhas suspeitas em relação à fase do fabrico da bacia da Lusitânia.As suas explicações não deixam margem para dúvidas.
    Também andei a ver no blog do Luís, o post sobre a Lusitânia, mas, está visto que fiz uma leitura desatenta :)Depois do Manel lhe fazer referência, fui relê-lo, e, lá estão os factos descritos com toda a clareza.
    Tenho outro prato,também da Lusitânia,que faz parte do lote que veio da mesma casa, muito interessante. Decoração em verde,pouco usual e uma pasta muito pesada.
    Obrigada pelos votos de bom Natal e, igualmente espero, que tenha um bom Natal.
    Maria Paula

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  5. Cara Maria Paula

    Adoro os esponjados e o seu sabor popular. Correndo o risco de ser um valente possidónio, diria que os esponjados são como comer uma bela sardinhada na Nazaré, depois de uma tarde passada na praia.

    Quanto a Lusitânia, subscrevo o Manel. Esta casa começou por fabricar materiais de construção e só chegou a produção de loiça no final dos anos 20, do século XX quando começou a comprar fábricas pelo país inteiro, sendo a mais conhecida de todas, Massarelos.

    Abraços e boas festas

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  6. Apaixonado que sou pelos padrões decorativos feitos com uso de estanhola (acho que se chama estampilha por estes lados), fiquei encantando por tigela Lusitânia.
    E quando vejo a foto da marca, que coisa! Certamente esta marca serviu de "inspiração" (para não dizer cópia) para as marcas da Fábrica de Louças Santa Cruz, em Taubaté, estado de São Paulo, aqui no Brasil.
    veja as marcas da Santa Cruz:

    http://www.porcelanabrasil.com.br/m-santa-cruz.htm

    Esta fábrica funcionou, até onde se sabe, de 1926 até 1969, então quando começou é possível que a Lusitânia já fabricasse louça de mesa, pewlo que pude entender das explicações do Luís e do Manel.

    Não sei se o fundador da Sta Cruz era português, mas até poderia ser, pois seu nome é David Maria Monteiro Gomes.

    A decoração de sua tigela me lembra coisas produzidas por uma outra fábrica brasileira, esta sem qualquer dúvida de um português, a Fábrica de Louças Adelinas, também de São Paulo.

    Bom, acho que já falei demais!
    abraços
    Fábio

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  7. Caro Fábio
    Antes de mais muito bem vindo a este blog e obrigada por se ter tornado seu seguidor.É uma honra.

    Também gosto da tigela que refere.Para além dos tons, gosto muito do desenho.Acho-o diferente do usado habitualmente,na decoração deste tipo de peças.

    Fui espreitar as marcas da Fábrica de Louças Santa Cruz.Impressionante!São de facto muito semelhantes com as da minha tigela.Houve com certeza forte inspiração.Pelo nome, haverá também fortes possibilidades do seu fundador ser português e se assim for,não admira a influência na concepção da marca.

    Um abraço e que o 2o11, chegue com tudo de bom,para si e família.
    Maria Paula

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