quinta-feira, 1 de maio de 2014

Prato com arranjo floral

Considero este prato de decoração sóbria, um dos mais elegantes da minha modesta coleção e ao contrário deste, acho que teve assento em casa fina e de gente de gosto requintado. 
Tenho também a convicção de que se poderá tratar de um prato mais antigo do que aqueles que habitualmente compro, ou seja, primeira metade do século XIX. Será?  

 Sabem que dificilmente me abalançarei a opinar sobre origens ou antiguidade de uma peça, se não houver marca que me permita alguma pesquisa. Então, o que dita esta convicção? Duas coisas.
Toda a decoração, especialmente o motivo central a fazer lembrar as albarradas e a forma cuidada como foi aplicada a técnica de pintura. Esta última faz-me supor que não haveria ainda uma produção em série, mesmo que manufacturada. Um pormenor que poderá ser interessante para os especialista é o filete amarelo que define o bordo do prato.
O tardoz apresenta uma transparência fora do comum e poderá ser, talvez, um pormenor importante para a datação deste prato. 
De datação não precisam estes meus amores-perfeitos, que hoje deixo aqui para lembrar as giestas amarelas, com que eu em criança tapava as fechaduras de casa, para o diabo não entrar.:) Um bom dia de “maios” a todos.

9 comentários:

  1. Ó Maria Paula, quanto mais escrevo sobre faiança, mais dúvidas tenho. Pior do que isso, estão sempre a aparecer peças novas, que nos trocam as voltas. Esse prato é um deles. Não faço a menor ideia qual será a Fábrica que o fez. Muitas vezes só descobrimos alguma coisa sobre as peças deixando-as em banho-maria e um dia vemos um igual num museu ou num livro e faz-se luz na nossa mente. mas, que o pratinho é elegante com o floreiro no centro, lá isso é

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Luís
      Fosse este prato de decoração policromada e seria mais um dos encantadores pratos de sabor popular que se vão encontrando com alguma frequência. Isto, aliado aos seus motivos decorativos, também eles recorrentes na nossa faiança, faria do meu prato uma peça que sem deixar de ser bonita, seria vulgar. A utilização exclusiva do azul, na decoração central e na aba é que o torna incaraterístico. Não fosse aquele filete amarelo e atrever-me-ia até, a pôr a hipótese, de não se tratar de fabrico português. Mas tal como o Luís, acredito que quando menos se espera, é que encontramos a resposta para um destes nossos enigmas, que de forma tão saudável e enriquecedora nos vão ocupando a mente.
      Um abraço

      Eliminar
  2. Maria Paula, tal como o Luís, acho-me sempre a apalpar terreno escorregadio no mundo da cerâmica, e raro tenho certezas para propor identificações, a não ser que esteja seguro do que digo.
    Tal como no caso da Maria Paula, e afinal na maior parte das pessoas responsáveis, é considerado ponto de honra não induzir as pessoas em erro.
    Sempre admirei em si o cuidado que sempre teve em não entrar nas atribuições só para fazer figura de sapiência, que nem sempre se tem (e não é vergonha nenhuma não saber, pois é um mundo tão inexplorado, que o mais natural é pouco se saber sobre este mundo), nunca se colocou nessa posição de conhecimento para "épater le bourgeois", como soe dizer-se.
    A Maria Paula, juntamente com o Luís e a Maria Andrade, foram aprendendo em conjunto, partilhando conhecimento seguro, a partir da troca de informações e lendo quem sabe mais que nós, procurando informação em meios fidedignos, dando passos pequenos, mas o mais seguros possível, sempre cheios de cuidados com o que se afirmava, e creio ser essa a atitude correta: a da dúvida quando não se sabe.
    É a atitude da pessoa de ciência, da pessoa que só tem a certeza quando as coisas estão devidamente identificadas, quer pela aposição de uma marca, selo ou extrapolação, por possuir caraterísticas que a fazem pertença de um conjunto já devidamente identificado.

    Quanto a este seu prato, acho-o uma graça, e a estes azuis é muito difícil ficar indiferente; no entanto, creio que a única coisa que lhe poderei comentar é que é provável que seja decorado com a técnica do stencil, ou chapa recortada, mas isto é o leigo a falar; o comentador Jorge Saraiva, porque conhece bem este mundo, por dele fazer parte de forma prática, pela profissão fantástica que exerce, saberá dizer-lhe de forma avalizada se é verdade ou não.
    Um bem haja por este seu canto sempre tão tranquilo que soube construir, e o qual sempre me dá muito prazer visitar.
    Manel

    ResponderEliminar
  3. Caro Manel! :) Tenho mesmo que ser cuidadosa e Deus me livre de um dia tentar parecer que sou uma mestra em matérias que não domino! Cairia no ridículo que é coisa que não desejo que me aconteça.:) Conheço pouquíssimo sobre faiança e porcelana, tema muito vasto, complexo e abrangente a várias áreas do saber. Quantas vezes dou comigo a pesquisar sobre determinada marca ou motivo decorativo e quando dou por mim, já estou a estudar história, geografia, ou outro assunto qualquer. Disperso-me, mas a verdade é que é muito enriquecedor e salutar. Para além disso, o meu conhecimento nesta matéria é recente e devo-o, em grande parte, aos bloguistas “topo de gama” com quem tive a sorte de me cruzar e a si também, com os seus comentários tão sabedores e bem fundamentados. Muito obrigada a todos. Garanto-vos que sou uma aluna muito aplicada, ou seja, leio-vos com muita atenção e se muitas vezes não emito opinião é por sentir que me falta a tal consistência de um saber bem consolidado.
    Quanto à origem do meu prato, ela manter-se-á uma incógnita. Quem sabe um dia, como muito bem diz o Luís, não encontremos algo que possa ser uma referência e ajudar à sua identificação. Eu continuo a achar, que o motivo central pintado todo ele em azul, o torna muito próximo das albarradas que estamos habituados a ver nos azulejos e talvez este pormenor possa um dia ajudar em alguma coisa.
    Eu é que tenho a agradecer a sua presença e os seus comentários sempre generososos e sabedores.Um abraço e continuação de boa semana.

    ResponderEliminar
  4. Manel falha minha duas vezes:) Primeiro, já lhe devia ter participado a criação do meu novo blog e segundo, não o fiz agora na resposta ao seu comentário. Que cabeça a minha!
    Pois bem, este novo blog tem como única finalidade divulgar os azulejos que vou vendo por aí e que, por um motivo ou outro atraiam a minha atenção. Tenho para aqui tanta fotografia que acho uma pena, não as divulgar e se o fizesse aqui, este blog passaria a ser essencialmente sobre azulejaria o que me desviava da minha intenção inicial, e isso é coisa que não quero :) Deixo-lhe então o link

    http://azulejariaportuguesadenorteasul.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Maria Paula, o Luís já me tinha informado que tinha outro blog sobre azulejo, só que ainda não tinha tido tempo para perceber qual era. Mas, mais tarde ou mais cedo iria lá chegar, pois coisas vindas de si têm o carimbo de qualidade e com fotografias absolutamente estupendas, que, só por elas, valeria a pena visitar.
      Que bom que deixou o endereço, pois será mais fácil lá chegar.
      Obrigado pela informação e quero desejar-lhe o mesmo sucesso que vem tendo neste blog, pois a Maria Paula tem o condão de conseguir construir estes espaços de tranquilidade e conhecimento que muito prazer dão a quem a visita.
      Um bem haja e irei seguramente visitar o seu novo blog, pois fiquei curioso
      Manel

      Eliminar
    2. Obrigada Manel. Espero corresponder às expectativas :)

      Eliminar
  5. Maria Paula
    Gosto muito deste seu prato e de vez em quando venho cá vê-lo. Atrai-me muito particularmente a jarra florida, bem ao estilo das albarradas em azulejo. E depois o tom de azul é muito bonito.
    Fica sempre é a dúvida sobre onde ou quando terá sido fabricado. Ai se estes pratos falassem...
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  6. Olá Maria Andrade
    Então também acha que este meu prato especialmente o motivo central faz lembrar as albarradas dos azulejos? É que eu, mal o vi, fiz logo essa associação de ideias:) Agora quanto à origem e idade nada podemos afirmar. Quem sabe um dia tropeçamos em alguma informação que nos dê uma pista. Até lá, divago :) O que também não deixa de ser salutar especialmente se tais divagações nos afastarem dos aborrecimentos do dia a dia.
    Beijinhos

    ResponderEliminar