Este comprido painel, na rua de Santa Catarina despertou-me, para a função dos azulejos, na publicidade. Associáva-os, quase exclusivamente à decoração das fachadas, apesar de no Porto existirem variadíssimos painéis publicitários em azulejo, creio que, todos do início do século XX. Mas, como a maioria das vezes passamos, olhamos e não vemos, nunca os valorizei. As magníficas fachadas da Capela das Almas,e outros exemplos sumptuosos da azulejaria Portuense justificam a distracção.
Nesta primeira fotografia tentei apanhar a parte central do painel,que fica ao nível do primeiro andar, onde se lê o nome do proprietário e, talvez fundador, do estabelecimento comercial.
O canto esquerdo, anuncia o tipo de comércio Casa de Novidades, que, pela decoração dos azulejos, faz-me crer ter-se tratado de uma casa de brinquedos.
No canto direito do painel aparece uma designação, que corresponde ao nome comercial deste estabelecimento, Grande Bazar do Porto. Para a época seria sem dúvida, um nome comercialmente apelativo. Pelo que vou observando o termo "bazar", caiu em desuso, agora tem outro significado :) Cá em casa, quando havia adolescentes, a utilização dos termos, bazar, bué e outros , foram motivo de algumas zangas...fortes! :)
Gosto da candura destes azulejos! Na cercadura que enfeita o nome do proprietário, as caras das meninas, com grandes laçarotes na cabeça, a comporem os ramo de flores, com se de mais uma se tratasse, revelam um conceito de infância,mais ingénuo, onde não havia a pretensão de transformar as crianças em pequenos adultos, como hoje, algumas vezes acontece.
Estes azulejos são ainda um bom registo sobre a maneira como se vestiam as crianças e sobre o tipo de brinquedos da época. Percebe-se bem que os brinquedos representados são de madeira.Acho piada ao pormenor da matrícula do carro! GBP! Nem mais nem menos do que as iniciais da casa.
Pensou em tudo o autor do painel, que, como se pode observar, no canto inferior direito (ampliando a fotografia) pertencia à Fábrica do Carvalhinho. Tenho pena de não conseguir perceber o ano de fabrico.
Estes azulejos são ainda um bom registo sobre a maneira como se vestiam as crianças e sobre o tipo de brinquedos da época. Percebe-se bem que os brinquedos representados são de madeira.Acho piada ao pormenor da matrícula do carro! GBP! Nem mais nem menos do que as iniciais da casa.
Pensou em tudo o autor do painel, que, como se pode observar, no canto inferior direito (ampliando a fotografia) pertencia à Fábrica do Carvalhinho. Tenho pena de não conseguir perceber o ano de fabrico.
Olá Maria Paula,
ResponderEliminarAdorei este seu post, não só pela beleza do painel de azulejos e pelo testemunho que dá duma época, anterior ainda à da nossa infância, mas sobretudo pela maneira tão acertada como a Maria Paula explorou todos os pormenores na descrição que aqui fez.
Deve ter sido mesmo uma casa de brinquedos, até as letras do nome estão escritas naqueles cubos dos puzzles que ocuparam tantas crianças nas horas de brincar...
Também achei graça à sua reflexão sobre o termo "bazar"! É mesmo assim, mudam-se os tempos, mudam-se os conceitos e os sentidos das palavras.
Um abraço
Olá Maria Andrade
ResponderEliminarMuito obrigada pelo seu comentário.
Passo em Santa Catarina, centenas de vezes e nunca tinha reparado neste cartaz, que apesar da sua singeleza reflecte alguns valores daquela época.Reparou que as crianças são todas rechonchudas :)?
Quando amplio a fotografia, parece que percebo a inscrição 1918, por baixo do nome Fábrica do Carvalhinho. Na próxima oportunidade, tentarei fotografar mais perto, para tirar as dúvidas quanto a esta data.
Um abraço
Maria Paula
O painel é fora do vulgar e tem como vantagem a sua difícil remoção!
ResponderEliminarOs desenhos fazem-me lembrar os de umas revistas dos anos 50 que havia em minha casa, e que as senhoras usavam para bordar elementos decorativos em roupa de cama para crianças.
De vez em quando a minha mãe lá ia às revistas e, meses depois, aparecia mais um lençol na minha cama com uma colecção de bonecada à qual eu achava piada - creio que deveria ser o mote para me levarem para a cama sem berraria!
Havia uma senhora amiga dos meus pais, prendadíssima, com uma filha igual, e ambas se dedicavam a criar padrões decorativos para bordar onde quer que encontrassem uma superfície adequada para a função! E o que saía daquelas mãos era uma perfeição!
Lembro-me ainda de vestidos de noite todos bordados com aplicações em rendas fantásticas!
A minha mãe, debalde, tentava seguir-lhes as pisadas ... mas creio que desistiu face ao resultado! Fazia o que podia e conseguia, o que era bastante!
Por isso este conjunto trouxe-me um algo de nostalgia, o que até sabe bem em dias ventosos e frescos, ainda que soalheiros.
Comecei num sítio e acabei noutro ... são assim as ideias. Um boa final de semana que já se aproxima :)
Manel
Caro Manel
ResponderEliminarRecordo-me muito bem dessas revistas. Tinham nomes como "Mãos de fada", "Lavores" e outros no género. Os desenhos originais eram decalcados com papel vegetal ou químico,que corriam de mão em mão, conforme as nwecessidades das amigas :)
A minha irmã é mais nova do que eu onze anos, por isso, recordo-me bem da azáfama que foi fazer o enxoval dela !!:) A par das cambraias, rendas, fitas e fitinhas, lá estavam os "riscos", assim se chamava aos pedaços de papel vegetal com os desenhos decalcados dezenas de vezes:).
Os meninos cujos papás compravam brinquedos neste bazar certamente, terão tido, muitos bibes e calções bordados com esses motivos :).
Não tinha pensado na vantagem deste painel estar ao nível de um primeiro andar! Está, sem dúvida, mais protegido de possíveis actos de vandalismo.
Sei que o seu tempo livre escasseia, por isso, agradeço redobradamente o seu comentário.
Um bom fim de semana,que se adivinha novamente ventoso!
Maria Paula