segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Prato modelo Espiga -Fábrica Sacavém

Já tinha ouvido falar deste formato "Espiga" nos  blogues que vou seguindo e conheço variadíssimas decorações que vão desde barcos à vela, cenas de caça, cenas  campestres, raminhos de flores etc. O que nunca tinha visto, e me deixou deveras surpreendida foi a representação de uma caçada ao hipopótamo, ou seja, uma cena tropical cheia de pormenores, como por exemplo, a piroga que transporta o caçador.
Provavelmente, esta, seria uma decoração a pensar nos portugueses residentes, nas então colónias, ou províncias  ultramarinas :) com o intuito de aumentar o leque de clientes. Será?

 Comprei este prato por uma questão afetiva e não resisti fotografá-lo  junto de uma velhinha e já puída toalha de piquenique.Ficam bem as duas peças com o seu toque rústico.
A data de fabrico deverá situar-se no  primeiro quartel do século XX. Espreitei o blogue da Maria Andrade, na esperança de melhor poder datar este prato, mas não vi nenhuma marca exatamente igual a esta. Espreitei, ou melhor vasculhei também o mfls, mas não consegui descobrir o post dedicado a estas marcas.Efeitos do estado meio febril da primeira constipação da época :)

11 comentários:

  1. Olá Maria Paula. Já conhecia este tema decorativo, tenho vários,e dois com temas africanos, sendo que o 1º que conheci também era - foi na casa da avó Rosa do meu marido há volta de 40 anos.
    Partilho a informação que me foi facultada por uma senhora numa feira em Setúbal ao ver um prato idêntico ao seu " trata-se de uma edição mandada fazer pelo Salazar no Estado Novo com as espigas - sinónimo do pão e motivos alusivos às atividades quer do continente quer das províncias ultramarinas."
    Do que me recordo o Estado Novo ocorreu após 1926 nos anos 30, o carimbo do prato segundo a minha tabela de carimbos da fábrica Sacavém data de 1905 e vai até 1973 - a última marca da fábrica.

    Acrescento que a maior parte da temática apresenta-se ao centro envolta num círculo restrito como por exemplo:caçadas;ceifeiras e,...
    Acompanhando o centro total do prato:temas africanos;pirogas e homens a remar;caçadas, e o meu com duas mulatinhas sentadas de lenço atado à frente, e outras a pilar mandioca.
    Há ainda outro tema sobre a pesca com o dizer "pesca milagrosa" ainda outros temas mais estilizados:barco;pássaros e,...

    A fábrica Soares dos Reis também copiou o formato das espigas e tem um tema com um moinho.

    Tenho parte de um serviço da SP de Coimbra que tem a inscrição "ANGOLA" o que pressupõe haver no tempo um intercâmbio de produtos, no caso de loiça para terras onde vivia uma grande colónia de pessoas com origem em Portugal.Da mesma forma encontra loiça inglesa nas antigas colónias espanholas como a Venezuela onde tive familiares,trouxeram muita, recebi um bule.
    Peço desculpa pelo alongar.

    As suas rápidas melhoras gripais.
    Beijos

    Isabel

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  2. Olá Maria Paula,
    Não imagina o "sufoco" em que tenho andado para chegar a todo o lado - no mundo real e no virtual... :)
    Andava para comentar o seu post anterior, gostei muito da casa e dos azulejos, pensava que ainda tinha tempo :) e afinal já aqui encontrei outro post muito interessante.
    Não conhecia este motivo do modelo espiga, mas é como diz, deve ter sido produzido para satisfazer uma clientela ultramarina.
    Quanto à marca, pelo que li no MAFLS e fiz para lá um link no meu post, este tipo de fivela no cinto e a própria terminação do mesmo, datam-na com alguma segurança do período de 1900 a 1930.
    Os meus pratos espiga serão todos posteriores a 1930.
    Parabéns por esta bela peça Sacavém.
    Bjos.

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  3. Ola Maria Paula, estou de visita aos blogs que tanto gosto e falta me fazem e não queria deixar de mandar um beijinho...estou por cá por uns tempitos em recuperação de uma cirurgia, nada de alarmante mas que leva o seu tempo. Pelo que vou ficar atenta e este prato só me aguça a curiosidade porque não conhecia o motivo. Conheço varios deste modelo mas este nunca tinha visto, parabens pela peça e pela continuação do blog. Um beijinho grande.

    Marília Marques


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  4. Maria Paula

    Também ando ranhoso e sem imaginação. Esse seu prato é uma bela recordação do tempo das províncias ultramarinas e ilhas adjacentes, em que Angola era nossa, havia a Emissora Nacional, os livros de leitura da terceira classe que se manteram em vigência umas três ou quatro décadas e o santo velhinho que governava os destinos de Portugal. É um prato sem importância, mas que conta tanta coisa...

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  5. Desculpe Maria Paula, mas este prato trouxe-me à memória, não uma caçada ao hipopótamo, que as havia também muito próximo de onde vivia (junto de uma das barragens dos rio Limpopo, eles destruíam as culturas e, de vez em quando, o seu número tinha de ser reduzido), mas ao elefante, que, uma vez na minha vida, assisti e não mais esquecerei.
    A agonia do bicho (um macho solitário que, em tempo de seca, deambulava junto daquele mesmo rio Limpopo, assustando várias comunidades que viviam próximo) que, tendo sido atingido, sofria, urrava, atacava tudo e todos, andava com a tromba de um lado para o outro, as orelhas todas abertas, o ar de angústia de um ser que se sentia encurralado, e que, adivinhava, não iria sair dali vivo (como não saíu).
    Após a queda do bicho o meu pai obrigou-me a subir para a barriga do bicho, caído de lado, onde me tirou uma fotografia - ainda tenho a foto onde reparo num jovem com os olhos mais tristes que me lembro de ver.
    Creio que nunca mais quis assistir a matanças, para que os amigos do meu pai me convidavam de forma mais ou menos assídua e depois troçavam porque me recusava (era opinião dentro do grupo que um homem formava-se naquela matança toda!).
    Foi uma época em que o respeito pela vida animal era perfeitamente nulo. Não que tivesse mudado muito, mas, finalmente, há consciências que se agitam, e muito bem!
    Quanto ao seu prato, vale pelo inusitado que é ver-mo-lo aqui, em terras europeias (fico sempre em dúvida se realmente pertencemos à Europa!).
    Manel

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  6. Meus bons amigos
    Um inesperado e sério problema de saúde, da minha mãe, impediu-me de responder atempadamente e individualmente como eu desejava, a todos os vossos queridos comentários. Neste momento o seu estado geral melhorou ligeiramente mas todo o apoio continua a ser necessário e portanto grande parte do meu tempo livre será para ela e meu pai, pelo menos até encontrarmos nova organização para a sua casa. Esta situação, com bastante pena minha irá afastar-me do meu blogue por algum tempo. Dos vossos nem tanto, darei sempre uma espiadela:)
    Beijos a todos e até breve

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    1. Votos de melhoras da sua mãe, e como diz que o seu estado melhorou, deverá ser rápido o seu restabelecimento.
      Manel

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  7. Muito obrigada Manel e Luís. As melhoras são notórias e embora vá permanecer em tratamento ambulatório, vai ter alta esta semana. Beijos aos dois.

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  8. Olá Maria Paula,
    Já ando há dias para vir também desejar-lhe as melhoras da sua mãe, mas os meus afazeres de avó, nos últimos dias até hoje, têm-se imposto acima de tudo o resto.
    Ao notar a sua ausência cheguei a pensar que era a Maria Paula que estaria com algum problema, de saúde ou outro. Afinal houve problema grande mas não foi consigo e felizmente já há melhoras.
    Que as coisas assim continuem...
    Beijos

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  9. Desculpe o atraso da resposta, mas vi-me envolvida numa espiral de trabalhos e solicitações que me puseram completamente KO.
    A minha mãe já teve alta e a situação vai entrando na normalidade. Ajuda muito o facto de ela ser psicologicamente forte e muito otimista. É uma lição para mim que sou um bocadito piegas :) Vou agora espreitar a bonita jarra de Viana, que eu já espreitei na Lista de Leitura.
    Beijos

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