quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Cores de outono

Neste já quase inverno, mostro as cores de outono captadas em Sernancelhe, numa não muito distante e suave caminhada (apenas sete quilómetros), pela paisagem outonal mais bonita que alguma vez vi.

Foram quilómetros, ao longo de uma paisagem de seculares soutos  matizados em  tons de castanho, onde, os ouriços, aos milhares caídos pelo chão eram reis.

Percebe-se nestas paisagens a rudeza e a dureza da vida “…pobrinha, castigada pelo meio natural””, que Aquilino Ribeiro refere no  romance  "Terras do Demo" e que, ainda hoje se vão mantendo, apesar de disfarçadas com as comodidades da vida moderna.

Mas nem só com a beleza dos soutos nos encantámos. Os cogumelos, apesar  do adiantado da época fizeram as delícias dos seus apreciadores. Apanharam-se boletos, míscaros, sanchas e outros, enquanto se trocavam receitas e opiniões sobre a toxicidade ou não de alguns espécimes. Eu limitei-me a fotografá-los e a prometer aos micólogos mais insistentes que qualquer dia me iria atrever a provar tais iguarias. Escusado será dizer que me lembrei muito da Maria Andrade a quem dedico a foto abaixo.


9 comentários:

  1. Olá Maria Paula, obrigada pelo seu comentário; desejo-lhe a si e à sua família umas boas festas !

    Maria Paula, já agora, e desculpe o descaramento, mas já que apreciamos as mesmas coisas, gostaria de lhe perguntar se sabe a função desta 2ª peça que mostrei neste meu post http://kokliko.blogspot.pt/2013/05/e-natal-e-natal.html
    É uma peça que pertenceu à família do meu sogro, portanto já deve ter cerca de 100 anos sensivelmente, mas não percebo para que serviria; a Maria Paula tem alguma ideia ? Obrigada e beijinhos :)

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    1. Obrigada pela visita e pelos votos de Boas Festas. As peças são lindas, primorosamente bordadas a matiz e, uma vez que já identificou a função da primeira, sem dúvida que são um conjunto de toalete. Tenho olhado e voltado a olhar para a segunda peça na esperança de a poder ajudar e a única coisa que me ocorre é que poderá ser um suporte, mas….de quê? Parece-me também, que a parte inferior tem uma fita que se une à parte superior, formando uma bolsa. Mas porquê usar uma fita para unir os dois extremos da peça? Porque não unir cosendo? O que ali se guardava variava em volume e tamanho? O que se guardaria ali? Algum penteador? Ou simplesmente objetos de toalete que, não nos passa pela cabeça quais serão, pois terão caído completamente em desuso?
      Não ajudei muito, mas atrevo-me a desafiar os meus seguidores mais assíduos a darem um palpite sobre a sua bonita peça.
      Beijinhos

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    2. Obrigada Maria Paula !
      Parece que o mistério permanece ...
      beijinhos :)

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  2. Sempre fotografias bonitas. A segunda, a das árvores com os muros em pedra fez as minhas delícias.

    Bjos

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    1. Obrigada Luís. Foi um passeio memorável rodeada de tanta beleza que mal via onde punha os pés e isso custou-me mais uma hora e tal de caminhada, pois acabei por me perder, eu e mais uns quantos caminheiros :)
      Boa semana.Beijos

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  3. Maria Paula,
    Quando vi as primeiras fotos de bosques atapetados com folhas secas - belíssimas fotos, sem dúvida - pensei logo em cogumelos e afinal era também de cogumelos que se tratava! : )
    Este ano, a "safra" por aqui foi muito fraca. Apanhei bastantes logo a seguir às primeiras chuvas de Outono, mas com o tempo seco de Novembro, as espécies que eu mais encontro nessa altura mal apareceram.
    Na última foto parece-me estar um Amanita Muscaria, tóxico e alucinogéneo, mas só teria a certeza se visse a base do pé. Se estava acompanhada por micólogos, foi pena não ter degustado algumas destas delícias gastronómicas. Eu adoro boletos, mas raramente encontro dos grandes e bons que aparecem em soutos e carvalhais, o Boletus Edulis. E a Maria Paula desprezou esses portentos silvestres?!
    Para a próxima, não deixe de provar, não se confundem com qualquer espécie tóxica...
    Beijos

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    1. Nesta caminhada muito me lembrei da Maria Andrade! Eram tantos e tão variados os cogumelos, que foi uma festa para os apreciadores. Uns tinham olhos para a paisagem, outros, não os tiravam do chão, sempre na esperança de encontrar mais um cogumelo. Mas sabe, que vi muita indecisão em relação à toxidade ou não de algumas espécies. Reparei que na dúvida, os deixavam ficar e isso agradou-me, encorajando-me até, a pensar que qualquer dia provarei um deles :)
      O cogumelo da última foto é realmente um Amanita Muscaria, o mais fotogénico de todos :)
      Beijinhos

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  4. As suas fotografias são exemplares, como sempre, devo acrescentar.
    A nostalgia das cores de outono com que a terra se veste para anunciar o inverno, todo um mundo que parece diferente do que aquele que conhecemos no verão.
    Nesta altura o Alentejo tem algo de "Irlanda", uma mancha verde a perder de vista, que se espalha pelas colinas e planícies, regatos que irrompem, aqui e ali, que raro vêem o final da Primavera (e face à secura deste final de outono, alguns já se esconderam mesmo).
    Quanto aos cogumelos, deixo-os estar muito quietinhos onde os encontro ... não conheço os desta parte de Portugal. E míscaros nem sequer os consigo adivinhar, pois estes conhecia-os eu nos solos arenosos da mancha de pinhal que se estende pela Estremadura, e que eu adorava explorar no outono.
    Boas festas para todos vós, e que o novo ano vos seja próspero em boas novidades e melhores horizontes
    Manel

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    1. Só muito tarde descobri a beleza do outono, talvez, porque, na ânsia de que chegasse o tempo quente, o “bom tempo”, não me detinha a contemplar a verdadeira maravilha que são as cores com que se veste a natureza nesta altura do ano. Todos os dias no meu percurso rotineiro para o trabalho tenho o privilégio de ver um sem número de árvores e arbustos e, de facto, a variedade dos castanhos, amarelos e avermelhados são de uma beleza extraordinária. Há já alguns anos que sensibilizo as minhas crianças para isto e é muito gratificante para mim ver, por exemplo, como elas tentam reproduzir os diferentes castanhos. A primeira descoberta é a que, o castanho se faz com a mistura do verde e vermelho. Depois, depois é um não acabar de experiências e algumas reclamações das mamãs, que ai, ai os punhos vão uma indecência. Já me conhecem e a resposta também. Que se chegassem muito limpinhos a casa era mau sinal! Eu sei que elas compreendem, mas é gente com uma vida dura! Às seis da manhã já deixam os garotos nas amas, que depois os vêm trazer à escola! É por isso que, quando eu vejo estas famílias a serem sobrecarregadas com mais descontos e impostos, não posso deixar de pensar que este governo é um governo infame. Mas bem, adorei a descrição que fez do seu Alentejo! Nós, os do norte, associamo-lo quase sempre à canícula. Coisa errada estou a ver.
      Quanto aos cogumelos, acho muito bem que os deixe ficar quietinhos! Nunca se sabe! :)
      Um Feliz Nata para si e um novo ano cheio de alegrias

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