sexta-feira, 22 de julho de 2016

Conversas em redor de um pássaro

 Acabei de ler o  post do Velharias do Luís onde é abordado o sempre oportuno tema da identificação da  faiança portuguesa, ou melhor dizendo, da dificuldade nesta identificação e do risco de errarmos quando fazemos de forma aligeirada uma atribuição a este ou àquele centro de produção  ou região.
Para ilustrar o post o Luís socorreu-se de duas encantadoras peças, estabeleceu algumas semelhanças entre os seus padrões e desenvolveu uma ideia muito interessante sobre a pertinência de um estudo sobre os gostos decorativos da população da época. Ora, uma das peças, o prato decorado com um passarinho, fez-me lembrar um prato meu também ele decorado com um passarinho, mas este, muito pouco convencional. Ora reparem.
Para mim, o artista que pintou este prato adaptou com grande criatividade a estampilha de um peixe ao corpo de uma ave. Se lhe retiramos as asas e a pata o que fica? Um peixe. Um bocado desajeitado é certo, mas ainda assim um peixe.
Não sei se está correta esta minha especulação, mas uma coisa é certa. Este é daqueles pratos pelo qual nutro uma simpatia especial. Para além do "pássaro peixe" gosto muito do ramo outonal  e acho uma graça especial à cercadura com os elementos de recorte miúdo.  

6 comentários:

  1. As cores deste seu prato são muito apelativas. E não me lembrava de associar as formas como a Maria Paula fez. Que interessante.
    Agora que chama à atenção, parece haver uma certa afinidade entre as duas formas pertencentes a elementos diferentes, o ar e a água.
    Isto só vem confirmar como a cerâmica portuguesa nunca deixa de nos surpreender.
    Gostei muito da forma como associou este seu prato.
    Pode ser uma coincidência, mas tem razão de ser.

    Umas boas férias, e se as suas férias forem já perenes, quero desejar-lhe o melhor tempo para que possa gozar a sua reforma em paz e que possa ter um tempo ocupado pelas coisas de que gosta. Não se esqueça da fotografia, campo em que sei que é exímia, e um prazer para os que, como nós, temos a sorte de ser testemunhas
    Manel

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    1. Caro Manel
      Comprei este prato, não porque o achasse especialmente bonito, mas tão somente pelo contraste do motivo central de cores outonais e pelo garrido da cercadura. Entretanto, aquele passarinho começou a parecer-me um peixe e a divagação começou :) Mas tenho realmente uma simpatia especial por este prato. Estou convencida que qualquer dia irei encontrar uma relação com a minha África, cada vez mais longe dos meus horizontes e das minhas expectativas de algum tipo de regresso.
      Obrigada Manel pelos votos de boas férias que de facto se tornaram definitivas há já algum tempo e por me recordar o gosto pela fotografia. Continuo de máquina na mão e olhar atento, mas ultimamente algo descontente com os resultados :) Umas boas férias para si. Descanse, divirta-se e veja muitas coisas belas por esses caminhos fora.

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  3. LuisY28 de julho de 2016 às 15:17

    Maria Paula

    O seu pratinho é encantador e conseguiu muito boas fotografias, que evidenciam muito bem as formas felizes desta decoração. Há também uma certa ingenuidade que o aproxima do prato do Manel.

    O passarinho é quase um tema eterno na arte, quer na pintura, na escultura ou na literatura ou na cerâmica. Estou-me a recordar do belíssimo conto de Hans Christian Andersen o Rouxinol. Aliás, a composição central do seu prato bem que poderia ilustrar um desses contos de fadas, em que os passarinhos representam inevitavelmente a liberdade.

    bjos

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    1. Caro Luís
      Gosto muito deste tipo de faiança ingénua e dirigida a um gosto muito popular. Calculo que fossem essencialmente vendidas em feiras, mas não tenho memórias delas a serem assim vendidas. Também é certo que só cá estive em Portugal durante um curto período de tempo e que, como criança, a minha atenção era dirigida para outras coisas. Ah! As loicinhas de brincar! Em barro, pequeninas, com minúsculas decorações ou então os trens de cozinha em alumínio com direito a alguidar e tudo :)Enfim. Estas memórias comparadas com os Pokemons da minha sobrinha dão que pensar. Mas voltando ao assunto, as aves são um tema muito belo e romântico, daí, como muito bem o Luís referiu a sua constância na arte. A música, mais a de expressão popular tendo o passarinho como tema, tem cantigas belíssimas. Lembro-me sempre do magnífico " Sabiá".
      Bjs e boas férias.

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    2. Também já não me recordo de ver à venda destes pratos nas feiras, embora em miúdo a minha atenção fosse desviada para as bancas dos brinquedos. Tenho ideia que nos anos 60 esta faiança já tinha desaparecido há muito do mercado.

      Por vezes vejo fotografias antigas de feiras e tento vislumbrar as loiças, que estavam à venda, mas o fotografo parece sempre ter-se fixado mais nas figuras humanas, no pitoresco do conjunto, do que nas loiças, como nós gostaríamos.

      Bjos

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