segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Basílica da Sagrada Família





A propósito da visita de Bento XVI a Barcelona, lembrei-me do quanto gosto da Basílica da Sagrada Família, e do pasmo que sempre sinto perante ela.
É nesses momentos que acredito, que haja mentes superiormente dotadas, às quais a vida, por vezes, dá oportunidade de se revelarem.
Confesso que enquanto escrevia este post, fui assaltada pela dúvida, quanto ao verdadeiro sentido da palavra pasmo. Teria um sentido pejorativo?
Fui ao dicionário claro, e quando vi como sinónimos, palavras como, admiração, assombro, espanto, todas as duvidas se dissiparam.
É mesmo assim que eu me sinto, as obras de Gaudi, que tive a felicidade de poder ver “in loco”.

A fotografia, como não podia deixar de ser foi tirada por mim, na única vez que entrei na Basílica da Sagrada Família.
Aguçaram-me a vontade de lá voltar a entrar, as imagens que vi na televisão a propósito da sua consagração.

Estou também atenta às polémicas sobre a sua conclusão. Deverá ser concluída ou não?
Desconhecia esta polémica, por isso, não tive oportunidade de reflectir sobre o assunto,mas, não sei porquê, sinto-me inclinada a pensar, que não deveria ser concluída.
Maria Paula

8 comentários:

  1. Que imagem feliz que aqui mostra Maria Paula.
    Levei já a cabo o périplo pela maioria das obras deste arquitecto e nunca deixo de me maravilhar como é possível que aquilo que vemos no dia-a-dia, na natureza, possa ser aproveitado e alterado e recriado de forma tão feliz por um ser humano.
    Não quero que todos façam o mesmo, visto que Gaudí houve só um, mas que, paralelamente, os produtores de arte tenham um percurso entendível, que se perceba, para que nos sintamos em sintonia, para que a arte nos toque e nos faça crescer e ver o que, doutra forma, nos passaria completamente ao lado.
    Mas infelizmente parece que os que se autodenominam de "artistas" se comprazem em ter uma linguagem hermética e incompreensível para o comum dos mortais, o que tem como consequência, o afastamento da maioria das pessoas do que de bonito se faz, e fez, por este nosso mundo!
    E se as pessoas não se inspiram no que de bonito existe o que produzem terá necessariamente de ser de má qualidade, como todos nós, que temos "olhos" nos apercebemos todos os dias (hoje em dia o normal cidadão tem acesso a um poder económico que lhe permite conseguir produzir coisas, sendo responsável pela maioria do nosso quotidiano envolvente).
    Não que tenhamos de gostar todos do mesmo ou que os conceitos que caracterizam "o belo" sejam únicos e na posse de uma meia dúzia de esclarecidos, o que não é verdade, mas seria preferível que existisse algo de substancial e entendível nos artefactos conotados com a arte, produzidos pelo homem ... por exemplo, bastaria tão somente procurar inspiração na natureza, não seria necessário ir muito longe, nem subir às esferas celestiais!
    Como nesta imagem que mostra, a de uma floresta de colunas, cujos fustes se ramificam por baixo de um céu de estrelas cadentes como se duma floresta divina se tratasse. Estamos no conceito mais medieval de edifício "divino", mas creio que a arte verdadeira é intemporal!
    Estive neste mesmo local há poucos meses e experimentei uma forma de catarse que é afinal um dos ojectivos quando vivenciamos a arte! Perdi a noção do tempo!
    A primeira vez que visitei este templo, há mais de duas décadas, ainda todo o espaço da nave era um completo estaleiro, não existia nem abóbada nem colunas, a fachada do Nascimento, já completada por Gaudí (morreu pouco tempo depois da sua conclusão), e a da Paixão, de Subirachs, ainda não tinha sido concluída (foi-o logo depois), mas já nessa altura se percebia que existia algo de transcendente em todo o espaço, como se ele ainda fosse habitado pelo mestre criador. Claro que a obra já vai longe do espírito inicial, e ainda bem, as coisas não podem estagnar, mas continua de acordo com a estrutura geral imaginada por Gaudí, não obstante todo o coro de protestos que muitos artistas contemporâneos lançam contra a continuação da obra. Por sorte, continua!
    E estão em fase de conclusão do Pórtico da Glória, que será um dos mais interessantes, apesar da edilidade de Barcelona ter ocupado o espaço frontal a este pórtico com edificações, aquele espaço que Gaudí tinha previsto deixar desocupado, para que se conseguisse tirar o máximo efeito cénico, abarcando visualmente o edíficio como um todo.
    Já não o será! Para ver este pórtico em toda a sua glória o observador terá de contorcer-se e apanhar um torcicicolo e não chegará a abarcá-lo todo com a vista!
    No entanto, esta basílica, assim se denomina agora!, já não é mais uma obra dos habitantes de Barcelona, como inicialmente se previa que fosse, uma obra de "expiação dos pecados", passou a pertencer ao mundo e a todos quantos contribuem para a sua continuação, que somos afinal todos nós, os que a visitamos.
    Uma boa semana e peço desculpa pelo comprimento do comentário, mas tocou-me num ponto nevrálgico
    Manel

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  2. Uma correcção, Gaudí não chegou a ver todo o pórtico do Nascimento concluído, mas tão simplesmente uma das suas torres, a de S. Barnabé
    Manel

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  3. Hoje não lhe deixo este seu espaço em paz, mas queria compartilhar consigo um dos sítios que, tal como meu, também era um dos preferidos de Gaudí, e um local da sua devoção, a Praça de S. Felipe Neri. Um espaço fantástico no meio da Barcelona Gótica!
    Manel

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  4. O Manel já disse tudo sobre a Sagrada Família. Gaudi e Barcelona são temas que ele domina muito bem.

    Também me recordo de ter visto a Sagrada Família em 1976, apenas com uma espécie de mão elevada para o céu no meio de um estaleiro de obras e fiquei impressionadissimo. Toda a história triste do Gaudi, a estranheza daquela arquitectura que não é parecida com nada deixaram-me uma sensação inexplicável, que permaneceu até agora. Talvez a Sagrada Família represente a cultura catalã que eu desconheço quase em absoluto ou talvez seja mesmo o próprio Gaudi que me provoca sentimentos estranhos.

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  5. Olá Maria Paula

    Linda foto. Ainda não conheço Barcelona, talvez um dia. Sem dúvida que a obra de Gaudí é indiscutível, bela, única, um deleite de arte de nos perdermos a contemplar.
    Adorei o comentário do Manel.
    Beijos
    Isabel

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  6. Caro Manel
    Não peça desculpa pelo comprimento do seu comentário, ele agradou-me profundamente, aliás como acontece com todos os outros que faz. O Manel, para além de toda a sua sabedoria, e arte em saber expor, tem a generosidade, que só os verdadeiramente sabedores têm. Desde já um bem-haja pela sua presença.
    Quanto à Sagrada Família, conhecia-a já bastante tarde. Há só, talvez, uns doze anos. Eram ainda os meus filhos, uns adolescentes e por esse motivo, dessa vez, não tive oportunidade de entrar na catedral. Quando se viaja com adolescentes, tem que se saber dosear a programação das férias:)
    Só tive oportunidade de lá entrar em 2006 ou 2005 e foi o êxtase, a comoção plena, poder estar fisicamente naquele local, que como tão bem, diz o Manel nos transcende.
    Sabe, que uma vez, há já muitos anos, numa das praias da região, observava os meus filhos (nesta altura ainda crianças), a fazerem montículos com a areia molhada, e eles lembraram-me de imediato as torres da Sagrada Família! Na altura, especulei até, se Gaudi,não teria ele próprio brincado em criança, com estas mesma areias, o que o poderia mais tarde, ter levado a inspirar-se, para a concepção das torres da Sagrada Família, afinal na sua obra, há tantas referências à natureza…
    A Praça S. Filipe Neri, pequena, meia escondida, linda, com a sua igreja, com tão tristes memórias! Obrigada pela partilha. Recordo os passeios nocturnos pelo Bairro Gótico, nas suas ruas estreitas, um deslumbre.
    Um abraço
    Maria Paula

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  7. Olá Isa
    Desculpe o atraso da resposta, mas ontem, quando submeti o que escrevi, não sei o que aconteceu,desapareceu todo o texto.
    Quanto a Barcelona, mal possa vá visitar. É uma cidade fantástica e multifacetada.
    Também gostei do comentário do Manel, deste e de todos os outros, diria até, que eles conferem brilho,aos meus pardos escritos.
    Um abraço
    Maria Paula

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  8. Luís, eu em 1976, não sabia sequer para que lado ficava Barcelona :) Culturalmente falando, já se vê.
    Um abraço
    Maria Paula

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