Celebrando o início da Primavera, mostro uma flor da minha terra. Uma flor de imbondeiro que só em raríssimas ocasiões tive oportunidade de ver ao vivo, uma vez que, estas árvores, não pertencem à flora da minha região, o Amboim, que é caracterizada por frondosas árvores de grande porte, à sombra das quais nascia (ou nasce?) o café.
Como a natureza é perfeita , (perfeita e destruidora, lembrando o Japão, impossível não o fazer...), tudo no imbondeiro está em proporção.Da descomunal árvore nascem enormes flores, que, consequentemente dão origem a frutos, também eles muito grandes. As crianças, gostavam de comer estas mukuas,os papás, não achavam grande piada...
Uma boa semana a todos, e que a Primavera tenha vindo para ficar!! :) Já basta de Inverno, estação que oprime e entristece.
Por fim, resta-me dizer que estas fotografias são da autoria de um amigo, que nunca deixou Angola.
Olá Maria Paula
ResponderEliminarBem haja pelo apelo à Primavera.Nada como o sol, a natureza a fazer abrolhar as árvores a germinar as flores que em Maio nos presenteiam muito floridas de todas as cores.
Não conhecia a flor do imbondeiro. Conhecia a árvore de grande porte, fazia parte de um livro de português, que curiosamente li na oral do meu 3º ano no colégio salesiano no Monte Estoril. Não resisto a contar, a Irmã
Libânia não acreditou em mim quando me recusei a fazer a leitura do evangelho, disse-lhe que corava muito,sentia-me perante todos envergonhada, ela não foi de modas, baixou-me a nota para me obrigar a ir à oral. A minha 1ª vez, perguntei às mais velhas o hábito de uma oral, tranquilizaram-me dizendo, estudas bem uma lição e depois dizes qual a página, o que fiz.Em frente ao juri recebi de resposta imedita da Irmã, tu e a Luisa não tem direito a escolha de lição, 17 de Junho de 1972. Entrei em pânico, nervosa, sem pinta de sangue, gélida tentava abrir de novo o livro na página que ela me ditou. Deus existe! Protegeu-me, a lição escolhida por ela estava toda cabulada, de imediato pus os braços sobre o livro para ela do palanque não notar nada. Li a lição do imbondeiro de voz solta, sonante, quase poética. Respondi a tudo, de tal ordem a sua raiva era grande que a Irmã Geraldes a questiona e diz, não achas que estás a exegerar, ao que ela responde"quando tenho uma aluna destas pela frente nunca me canso de a questionar"
À porta a minha mãe aguardava para me trazer de volta a casa...
Obrigada por me deixar relembrar...
Beijos
Isabel
Maria Paula, hoje conseguiu fazer algo que durante muito tempo não consegui: saber como era a flor do imbondeiro.
ResponderEliminarNão conheci o imbondeiro lá para os meus lados moçambicanos, mas sempre tive curiosidade sobre esta árvore que, na minha infância, me diziam que podia albergar uma família toda no seu interior.
Não sei se será verdade, pois nunca tive ocasião de o comprovar, mas a minha imaginação excitava-se com o prospecto de ir viver para um imbondeiro; já me via de tarecos aviados, farnel às costas para ir à procura dos famosos imbondeiros e plantar-me dentro, como lia nas histórias de encantar!
Foi necessária persuasão e paciência (sou muito teimoso) para que entendesse que não os existiam próximo de mim!
Que me iria perder e que seguramente seria presa de algum "cocuana" (nem sei se a grafia é esta, mas estou a escrevê-lo como o aprendi, o termo que designava uma pessoa já idosa e que, para as crianças, era sinónimo de "bicho-papão").
Uma belíssima forma de celebrar o início da Primavera. Obrigado pelas fotos
Manel
O Imbondeiro faz parte daqueles mitos sobre Angola que desde a primária todos ouvimos falar. Tal como a Maria Isabel conta, existiam sempre nos manuais escolares do tempo da ditadura, uns quantos textos ora sobre o Imbondeiro, ora sobre o Monte Ramelau, em Timor, ora sobre a Peróla do Atlântico ora ainda sobre o Cacau de S. Tomé. Era suposto os meninos lerem aqueles textos em voz alta e sentirem-se orgulhosos do Império colonial, da raça e das façanhas dos portugueses.
ResponderEliminarO Império caiu como um castelo de cartas entre 1974 e 1975 e todos esses textos dos livros escolares deixaram de fazer algum sentido. Se é que alguma vez o fizeram
Como tenho o bicho da história dentro de mim, sou sempre sensível às recordações das pessoas que vieram de África ou às simples evocações que a Maria Paula aqui fez, mostrando uma fotografia, de uma flor, tão estranha, vinda quase de outro planeta.
Não sei se já lhe escrevi isto. Mas tenho ideia que a avó da minha ex-mulher viveu na sua juventude na fazenda que mostra logo no início do blog, começada por belgas e alterada por ingleses. Ela era daquelas senhoras, que mentalmente nunca abandonou Angola, até porque foi para lá viver em menina e contava sempre muitas histórias, que eu achava graça ouvir e esse episódio da fazenda fixei-o.
ResponderEliminarSó depois de viver nessa fazenda ela e o marido se fixaram em Silva Porto, actual Bié.
Olá Maria Isabel
ResponderEliminarEra mesmo assim, o ensino, naquele tempo.Professores muito próximo do implacável,e, quantas vezes,a oral, era uma boa oportunidade para um ajuste de contas :)Hoje caiu-se no outro extremo...
Beijinhos e obrigada pelo comentário
Maria Paula
Caro Manel
ResponderEliminarFez-me rir a bom rir com as suas divagações infantis sobre o imbondeiro, que, em abono da verdade, são árvores cheias de mistério, especialmente, quando vistas ao longe e ao pôr do sol. Autênticos monstros, com enormes braços, prontos, para levar as crianças com imaginação mais fértil, para mundos estranhos e assustadores :)Saint Exupery, no seu livro "O Principezinho" refere-se a eles, como sendo nocivos para o seu asteróide, pois, as suas raízes poderiam levá-lo à sua destruição.
Sem dúvida que o imbondeiro estimula a imaginação humana, independentemente da sua cultura ou idade.
Eu, nunca vi as suas flores assim abertas. Sempre as vi pendendo na extremidades dos compridos pedúnculos com as sépalas e pétalas recurvadas para cima.Estranhas flores, tal como a árvore de onde brotam.
Uma boa Primavera e um abraço
Maria Paula
Olá Luís
ResponderEliminarPois...e nós lá no Ultramar,estudávamos todas as linhas férreas, estações e apeadeiros da Metrópole :),rios, ribeiros e riachos,serras, montes e vales!! Um disparate pegado.Muitas vezes ouvi os meus pais comentarem em surdina, claro,(as crianças não se podiam aperceber )o desajuste dos programas.
Realmente já me falou na possibilidade da avó da sua ex-mulher, ter vivido na Boa- Entrada e agora que que refere Silva Porto como destino posterior,lembrei-me de um casal, que se mudou para o actual Bié.Será? Vou perguntar pormenores à minha mãe.
Um abraço
Maria Paula
O Avô da minha ex-mulher chegou a ser presidente da Câmara Municipal de Silva Porto, nos finais dos 60 ou início dos 70, portanto julgo que seria um tipo relativamente conhecido.
ResponderEliminarAbraços