sexta-feira, 3 de junho de 2011

Tavessa Herculaneum - Uma compra inesperada

Sábado fiz uma caminhada memorável.  Desfrutei de paisagens belíssimas,  passei por aldeias lindas, com casas de pedra sobre pedra e outras, ainda com os telhados em colmo.Tudo perfeito. O calor do sol era suavizado pela brisa agradável e a hora do almoço chegou depressa. Um prado verdejante e uma ponte romana esperavam por nós, e pasme-se, até um almoço de faca e garfo, oferta de um caminheiro aniversariante, que fez chegar até nós, um autêntico manjar dos deuses!
Em baixo a ponte romana numa  foto que não é minha ( não levei a máquina),  encontrei-a na net e não consegui identificar o autor.
Para coroar o dia, e já da parte da tarde, estando o grupo em plena serra,  desabou uma enorme tempestade. Tivemos direito, a chuva, vento e granizo!! Fiquei a saber que o granizo, quando bate no corpo, magoa :) Foram ainda duas horas de caminhada, completamente encharcados. Só não foi um dia estragado, pois a boa disposição manteve-se e  não houve acidentes (o que chegamos a temer que pudesse acontecer, tal  a intensidade da trovoada).
Perante as circunstancias,uma vez chegados aos carros regressamos a casa, ficando sem efeito o habitual  jantar que encerra estas caminhadas.

E é aqui que aparece a minha travessa!
Atravessávamos uma das muitas freguesias do nosso percurso de regresso, quando me pareceu ver uns pratos antigos numa montra. Como observadora que sou, fiquei em alerta e  fui indagar.
Era realmente uma loja de aldeia  e um misto de venda de artesanato e velharias.
O homem , simpático, tinha peças interessantes, mas esta travessa, que eu vi da estrada e me pareceu um prato  prendeu a minha atenção desde logo.
Identifiquei a marca, pois tinha presente um post do velhariasdoluis, onde ele mostra uma terrina desta mesma fábrica. Comprei-a, não de imediato,mas já com a certeza de que seria muito difícil  sair dali sem a travessa, a menos que me pedissem um preço exorbitante, o que não foi de maneira nenhuma o caso.
Chegada a casa, fui fazer a revisão da matéria dada :) e confirmei que a minha travessa é realmente da  Herculaneum Pottery, neste caso, creio que  da  série Índia, View in de Fort  Madura.
A estrutura para a pendurar é robusta,  muito antiga e conto não a tirar apesar de bastante enferrujada. Não resisto em mostrar um grande plano.
Foi uma compra inesperada, ditada por um feliz acaso.  A vida é assim, feita de muitos planos, mas também de acasos: uns felizes, outros trágicos,outros assim, assim, mas todos com uma importância na nossa vida, que por vezes nem suspeitamos. Alguns, até  determinam, o rumo que  tomamos! A minha travessa, não alterará, certamente a minha vida em nada, mas que esta situação me deu que pensar, ai isso deu!

12 comentários:

  1. Que tremenda inveja.

    a sua travessa é linda e fez muito bem em compra-la. Tenho uma paixão por essa decoração que inspirou a produção do segundo período de Miragaia e muitas peças de Viana e Sto. António do Vale da Piedade.

    Fico também feliz porque o meu blog é útil ás pessoas na identificação de velharias.

    Beijos

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  2. Olá Maria Paula

    Adorei o seu post. As peripécias da caminhada e o final feliz da aquisição da sua belíssima travessa. Gosto particularmente da forma artesanal da tripeça em ferro. Para não sujar a parede, porque vai enferrujando, o que eu faço nas minhas antigas é passar verniz das unhas. O resultado é muito satisfatório.

    Espero voltar a ver a sua travessa numa qualquer parede ...ainda não vi as tampas..não me esqueço.

    Boa semana de trabalho
    Beijos
    Isabel

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  3. Caro Luís
    Quando descobri o seu blog, limitava-me a gostar de velharias. Tinha noção da existência de uma ou outra fábrica, mas nada mais.
    O seu blog é muito útil, não só porque ajuda à identificação de peças com informação rigorosa, como também as contextualiza sob vários pontos de vista.
    Há um ano e pouco atrás teria ignorado esta travessa...
    Um abraço
    Maria Paula

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  4. Olá Maria Isabel
    Em breve mostrarei as tampas :)
    A sua ideia de usar o verniz das unhas como protecção contra a ferrugem é óptima. Nos tempos em que ainda se mandavam apanhar as malhas das meias calças usei muitas vezes o verniz transparente para travar a fuga das malhas :)
    Abraços
    Maria Paula

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  5. Olá Maria Paula,
    Muitos parabéns por esta maravilhosa compra que fez sem contar!
    Já cá tinha vindo apreciar a travessa e gostei muito de ler a sua descrição do passeio de Sábado, mas sem tempo, ou melhor, sem a necessária concentração para escrever alguma coisa com sentido.
    Eu adoro estas faianças inglesas e tenho especial preferência por esta Herculaneum Pottery, sediada em Liverpool,que também fez muito boa porcelana. A sua travessa já terá quase 200 anos porque este padrão View at the Fort Madura, que teve várias versões,é datado de 1815-1820 e a fábrica mudou de mãos em 1836, alterando a marca, e veio a fechar em 1841. Há aqui, por isso, garantia de antiguidade.
    Eu tenho dois pratos com este padrão, mas curiosamente são diferentes - um é em flow blue e o outro é em transfer-print normal - e têm marcas diferentes, ambas atribuídas a esse período 1815-1820. Um deles tem a marca da sua travessa, só que com o número 14, deve ser o número dos pratos rasos, e já apareceu num post, numa fotografia que tirei a vários pratos de faiança inglesa azul e branca.
    Já pensei em também fazer um post com eles, mas tenho tanta coisa em lista de espera... :)
    Beijos

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  6. De repente abri o seu blog e vejo uma travessa com o mesmo padrão da minha terrina.
    Fico entre o espantado e o feliz por poder partilhar com alguém o desenho de uma peça.
    É realmente um desenho exótico, que nos faz viajar por paragens longínquas, trazendo-nos à memória eras em que os ingleses eram donos de meio mundo, entre o qual, a própria Índia.
    Quando fiz pesquisa sobre a data de fabrico da minha terrina também a datei de há cerca de 200 anos, tal como o fez a Maria Andrade.
    Um prato com este motivo consta no catálogo da Exposição da loiça de Miragaia e aí aparece datado de cerca de 1800.
    Em pesquisa posterior dei conta que esta data não estava correcta, mas que seria posterior, entre 1815 a 1820, como igualmente refere a Maria Andrade.
    A única diferença reside na marca de identificação da peça, que, na minha terrina, não é colorida nem estampada, antes se apresenta incisa na pasta.
    E quanto ao granizo magoar ... não queira andar de mota (não andará, julgo eu) com granizo, pois quando o fiz arrependi-me amargamente!
    E ficou-me igualmente na memória uma caminhada que fiz de um bom quarto de hora - talvez mais - no Atlas sob granizo intenso (devo frisar que era pleno Agosto!), o qual, para além de me ter encharcado até à roupa interior, fez-me nódoas que rapidamente passaram a um vermelho intenso!
    Depois disso tivémos uma hora de chuva miudinha, rodeados de uma temperatura glacial!
    Nessa noite, dentro da minha tenda de campanha, dormi limpinho, e como um anjo (presumo que eles durmam bem!).
    Manel

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  7. Olá Maria Andrade
    Já calculava que esta peça fosse muito antiga, mas duzentos anos,mesmo que em número aproximado, não me deixa de impressionar!
    Tentei rever os pratos de que fala, mas não encontrei o post. Refere-se a uma colecção que apresentou colocados num escaparate de madeira?
    É bom termos lista de espera, não só no blog, como noutras coisas :) É sinal que estamos activas. Nada pior do que o ócio:)
    Beijinhos e um bom fim de semana prolongado
    Maria Paula

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  8. Manel
    Pois é verdade. Quando vi a marca da travessa, lembrei-me de imediato da terrina do post do Luís, e tinha ideia de que esta lhe pertencia. Quando confirmei este dado, não pude deixar de achar engraçado, até porque, não me parece que seja muito frequente encontrar à venda peças da Herculaneum Pottery.

    Nunca me verá andar de mota, Manel!! Tenho verdadeiro horror:) Duas rodas para mim, só bicicleta.Lamento bastante, não viver numa região plana, com trânsito civilizado para poder fazer dela o meu meio de transporte permanente.
    Sabe que também fiquei com os braços marcados do granizo que apanhei? Foi um bocado violento, pois estávamos totalmente desprotegidos e nada fazia adivinhar, um tempestade daquele calibre.
    O mais desagradável foi a roupa secar no corpo. Aí sim, pensei que haveria fortes possibilidades de adoecer, mas, afinal, não é só ao menino e ao borracho, que Deus põe a mão por baixo :)
    Um abraço e bom fim de semana
    Maria Paula

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  9. Sim, Maria Paula, é esse o post a que eu me referia, o do dia 8 de Outubro de 2010. Peço desculpa de não ter dado logo esta informação, mas calulei que procurando na etiqueta "faiança inglesa" o encontraria com facilidade.
    O prato Herculaneum que se vê no canto superior direito do escaparate é o que tem a marca igual à da sua travessa mas é em "flow blue"; no outro, que não se vê, a decoração é como a sua, mas tem uma marca com coroa e um cinto à volta com a palavra Herculaneum , também incisa na pasta.
    Beijos e bom fim de semana prolongado também para si.

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  10. Maria Andrade, obrigada pela resposta.
    Já corri o seu blog vezes em conta e continuo sem encontrar o post a que se refere:), mas não se preocupe, pois certamente é azelhice minha. ;) além do mais, estou convencida que acontecerá, como quando procuramos qualquer coisa em nossas casas, e que as encontramos quando menos esperamos.

    Aproveitei a busca para ir revendo os seus posts mais antigos e estive a reler o que fala sobre a decoração "silvinha" da Vista Alegre, pois a semana passada comprei uma pequena leiteira, não marcada, com a mesma decoração. Mostrá-la-ei brevemente.
    Abraços
    Maria Paula

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  11. Obrigada pela visita e pelo comentário, Ana Cristina.
    Volte sempre.

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