quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dançando ao vento

Num outono que teima em não aparecer e num época de árduo e inglório trabalho, revisito alguns locais que calcorreei em outros tempos não muito distantes.

A foto que se segue, e a que dei o título "Dançando ao vento", foi tirada durante uma caminhada em plena serrania, da qual  já não recordo o nome.
Estes ramos secos e retorcidos, tendo a serra como cenário lembraram-me os movimentos graciosos do ballet clássico, e não resisto em fazer "dois em um" e juntar a este post  um video de um dos momentos do 4º ato do  Lago dos Cisnes.


 Margot Fonteyne e Rudolph Nureyev, é um par mítico para as pessoas da minha geração, que gostam de dança clássica, não só pelo grande virtuosismo das suas técnicas, mas também, pelas  histórias de vida de cada um deles, especialmente a dele que, nascido na Rússia Soviética, dá o "salto" para  Ocidente quando se encontrava em digressão em Paris. Já  em pleno aeroporto, para iniciar a sua viagem de regresso a Moscovo, quebra as barreiras de segurança e pede asilo político. Cresci e formei-me enquanto pessoa ouvindo e lendo comentários e críticas enaltecendo a obra destes dois bailarinos. Recordo que fiquei estupefacta quando descobri, que entre os dois, que interpretaram  essencialmente pares românticos havia uma diferença de vinte anos! Aqui fica um pas-de-deux memorável.

Tirada no mesmo dia, e ma mesma serra. Gosto do contraste entre os diferentes elementos e cores. O céu azul confunde-se com o verde da vegetação e cria a ilusão de uma linha curva. 



Estes troncos, não pertencem a nenhum dos cenários do filme "O senhor dos Anéis", mas antes, à Mata do Buçaco. Não será preciso uma mente muito fantasiosa, para  imaginar, neste lugar mágico, Elfos, anões e Orcs, a saltarem,  de cada um dos frondosos e, por vezes húmidos trilhos.
Vale a pena uma visita a este local, pelo seu  grande património botânico, arquitetónico, religioso, militar e histórico. O hotel, que já foi  palácio, é sublime! Só o conheço por fora ! :)

6 comentários:

  1. Fotografias admiráveis.

    Fiquei a pensar na música, que há contida na natureza ou nas obras de arte e você explorou muito bem esse lado neste post.

    Todos os elementos naturais que fotografou tem a estilização do grande bailado clássico e embora estejam em silêncio, há neles uma música, que soube captar com a sua máquina.

    Abraço

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  2. Olá Maria Paula,
    Já estranhava a sua ausência por aqui, mas fez um regresso em grande com belas fotografias, ainda por cima acompanhadas de um magnífico trecho de bailado.
    O Lago dos Cisnes é sempre muito agradável de ouvir e de ver assim dançado. O tema principal então, para mim é um delírio!
    Mas agora deixe-me falar das fotografias:
    Então andou pelo Buçaco, aqui tão pertinho de mim?
    A mata é magnífica e mesmo a primeira fotografia pode ter sido de lá tirada porque encontram-se ali paisagens semelhantes.
    Pouca gente explora bem aquele espaço da cerca do Buçaco, o antigo "deserto" dos Carmelitas Descalços, mas desde capelinhas a fontes e ermidas com azulejos do séc. XVII, há ali muito património construído, para já não falar do que resta do convento e do Hotel Palace. E depois há o património natural que a M. Paula tão bem captou nas suas fotografias e que eu reconheço sobretudo na última, naquela vegetação luxuriante e no emaranhado de troncos.
    Quando os meus filhos eram pequenos iamos até lá muitas vezes e passavam-se bons bocados em família a descobrir belos recantos.
    Obrigada pela partilha.
    Um abraço

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  3. Olá Luís
    Há sem dúvida música, beleza, arte e magia na natureza que nos rodeia. Há dias, em que temos a sorte de tropeçar nelas e tempo para nos deleitarmos com a sua visão.
    Abraços e boa semana
    Maria Paula

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  4. Cara Maria Andrade
    Fico contente, por ter gostado do meu “dois em um”.Por vezes a natureza toma formas, que parecem passos de bailado. E como a dança é uma das "coisas de que eu gosto"...

    Andei realmente pelo Buçaco, mas há já uns três ou quatro anos. Nessa altura ainda não nos tinhamos iniciado nestas lides bloguistas :)
    Do Buçaco, só tinha referências da Mata, por isso, naquela caminhada que felizmente foi guiada, tive oportunidade de visitar todo o complexo, que me deixou surpreendida. É mágico aquele local e acredito que para uma criança se torne facilmente num lugar encantado.
    Das três fotografias que mostro, só a última foi tirada no Buçaco, as outras, serão certamente para os lados de Cinfães.
    Abraços e uma boa semana

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  5. A sua primeira foto é dramática e cheia de planos que se prolongam até ao infinito.
    Sempre a beleza surreal das suas fotos.
    A porção de dança que aqui nos deixou levou-me a viajar. A Maria Paula tem este condão, o de me fazer circular no tempo.
    No final ds anos 70, talvez em 77 ou 78, tive ocasião de ver Nureyev em palco, no London Coliseum, pela primeira, e última, vez.
    Não dançou com Fonteyn, mas fê-lo com uma outra diva de origem russa, creio, e que eu não me recordo de quem tenha sido com toda a certeza, talvez a Makarova. Se não me engano representava-se o Toreador (o que eu teria preferido mesmo, seria assistir à sua representação de "L'après-midi d'un faune", coreografado primitivamente por Nijinski e dançado por ele mesmo nas representações dos bailados russos dirigidos por Diaghilev).
    Nessa altura senti a magia profunda que Nureyev conseguia criar em palco e transmitir a quem o via, ou então era a minha profunda reverência à figura que tantas vezes tinha sido glorificada e mitificada durante a minha juventude. Para mim era um mito e, na altura, torná-lo realidade, foi emoção pura.
    Nunca mais consegui que se repetisse a oportunidade.
    Quanto aos seus passeios, espero que os continue (eu faço-os sempre que tenho oportunidade, mas cada vez vão sendo menos, infelizmente) e que nos mostre as suas reportagens fotográficas.
    Um bom final de semana, que já se adivinha
    Manel

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  6. Caro Manel
    Pois é, a vida tem tantos caminhos,dá tantas voltas,que por vezes nos surpreende da melhor maneira e sem sabermos muito bem como, chega um dia, em que lá estamos nós, em êxtase, ou como tão bem diz o Manel em "profunda reverência", perante algo ou alguém de que ouvimos falar desde sempre e que, pelo menos no meu caso,plenamente convencida, de que as minhas hipóteses ficariam por aí.Ver dançar Nureyev ao vivo foi sem dúvida, um grande privilégio que o Manel teve.
    Houve tempos em que, quando me encontrava em algum local que não fosse suposto eu estar se tivesse continuado em Angola, sentia-me como uma estranha :)Não podia ser eu :) Cresci convencida de que tudo o que eu conhecia através da leitura, dos filmes ou conversas,seria inatingível para mim.Engano meu.Ainda bem :) Hoje, já não me sinto assim.
    Obrigada pela maneira como olha as minhas fotografias. Um bom fim de semana também para si.

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