quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Divagações


Embora reconheça a importância de alguns dos Dias Mundiais que hoje proliferam pelo nosso calendário, não sou muito dada a atribuir-lhes demasiada atenção. Alguns, infelizmente, como é o caso do Dia Mundial da Criança, está completamente desvirtuado e é mais um dia de prendinhas completamente inúteis, a crianças que felizmente já têm tudo, ou quase tudo. Quanto ao Dia dos Namorados  :) sou de uma geração que na sua juventude nunca ouviu falar de tal e, pasme-se, se hoje me lembro, devo-o aos meus pequenos alunos que mo anunciam logo pela manhã, em grande agitação :)
O tema preferido das crianças neste dia. Corações, corações, corações
Mesmo assim cá estou eu a servir-me do tema "amor" para fazer o post  de hoje :) É que, dividida entre os  tarecos a mostrar, lembrei-me de umas fotografias que tirei há já alguns anos  e que serviram de suporte a esta exposição realizada há já alguns anos no Mosteiro de Tibães.Fiz estas fotografias à socapa de uma tia minha que se encantou com as divagações sobre o amor, e como vivemos muito longe uma da outra, enviei -lhas no dia do seu aniversário. Sei que ficou feliz. 
Estes excertos fazem parte da  obra enciclopédica Recreação filosófica ou Dialogo sobre a filosofia natural para instrucção de pessoas curiosas que não frequentarão as aula, do padre Teodoro de Almeida, iluminista português e estudioso em várias áreas do saber.


Não me atrevo a acrescentar nem mais uma vírgula a estas reflexões de alguém tão sábio e elevado cultural e intelectualmente. Mas  já que trouxe este assunto à baila, lembro Camões e o seu genial soneto das antíteses; Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente etc, etc, etc. É conhecido de todos nós, o soneto e o tema :)

7 comentários:

  1. Gosto muito da sua singela homenagem a algo que, pelo menos a mim, já não me tira o sono (lembro que tirou, há muitos anos atrás, e de forma assaz incomodativa).
    As reflexões deste senhor têm cabimento, e são uma forma de racionalizar aquilo que é praticamente impossível de o ser.
    Nem o soneto de Camões adiciona mais ao que existe.
    Lembro tê-lo aprendido de cor ainda jovem, e recordo igualmente tê-lo recitado uma ou duas vezes, assassinando-o sem dó nem piedade em cada uma delas ... deveria ter aprendido logo na primeira, mas o sentimento é completamente mouco ao sentido do ridículo. Este soneto, brilhante, não passa, no entanto, de um feliz jogo de antíteses que é muito fresco e agradável ao ouvido, mas que pouco esclarece os incautos que por lá passam (e ainda bem que o fazem, pois é cousa que não deve deixar de ser vivida em pleno!).
    Dias de S. Valentim são invenções anglo saxónicas, cuja validade, tal como é vulgarmente encarado, deixa um pouco a desejar - um incentivo ao consumo, mas pouco investimento no sentimento ele mesmo.
    No entanto, na base há coisas muito positivas que, a serem realçadas, fará deste dia um bom momento presente e uma memória a estimar para o futuro.
    Um bom final de semana, que, aqui para o centro sul, se agoura cinzento com alguma chuva lá para domingo :-(
    Manel

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    1. Pois é Manel. Não tivesse sido a febre da juventude com as sua paixões e sonhos arrebatadores, e hoje seríamos adultos com a vida amputada, algures no tempo e seríamos uns tristes :) nem memórias teríamos! Gosto de olhar para trás e perceber que se viveu em pleno e de como a idade nos dá este condão imenso da serenidade e de saber que sabemos antever.Nada mais tranquilizante :)
      Quanto ao Dia de S. Valentim tem razão, na sua essência é um momento ótimo que muito provavelmente adoçará e reabilitará muitas relações, como se diz agora :)Eu continuo-lhe completamente indiferente e, acho curioso que cá por casa, na ala mais jovem, também não observo movimentações especiais :)
      Um abraço e uma boa semana

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  2. Quando a Maria Paula fala aqui de Tibães, não posso deixar de me lembrar de uma visita que lá fiz há uns dois ou três anos, em que adorei os espaços interiores e exteriores!
    Agora, gostei das fotografias da exposição – reparei que havia várias de cogumelos, que são muito fotogénicos :) - e ainda gostei mais da foto desta mãozinha pequenina a deliciar-se no meio da tinta, por acaso num dos meus tons preferidos...
    Mas o que também adorei encontrar aqui foram os extratos do P. Teodoro de Almeida, um autor hoje pouco conhecido do nosso séc. XVIII, mas que nos pode reservar algumas surpresas. No meio dos meus livros antigos estão dois volumes deste autor e um é precisamente da Recreação Filosófica (Recreasaõ Filozofica!) e trata da Lógica. Está lá este mimo que aqui apresenta sobre o amor. Toda a obra é escrita em diálogo e numa linguagem muito simples como se vê pela amostra. E tem tiradas deliciosas!
    Bom fim de semana.
    Beijos

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    1. Tibães tem uns espaços exteriores maravilhosos. Visitar a sua cerca é uma experiência a não perder seja em que estação do ano for.Por mim, prefiro-a na primavera e assistir àquela explosão de cheiros e cores de toda a flora ali existente. O chilreio da passarada ajuda a compor o ramalhete :)
      Pelo que li na altura estas fotografias não terão sido feitas no modo macro, mas antes, utilizando uma técnica que envolve a digitalização dos próprios objetos a fotografar.Fosse o que fosse, são fotos excelentes. E claro que sim, os seus cogumelos, são muito fotogénicos. Só assim os aprecio :)
      Quanto ao padre Teodoro de Almeida, só porque fui ver esta exposição, o descobri. Fiquei fascinada com os excertos que aqui mostrei e de pesquisa em pesquisa ( maravilhosos Google) já o conheço melhor:). Tem piada que pus a hipótese de que a Maria Andrade, como apreciadora de livros antigos, pudesse ter alguns dos seus volumes.O volume a que tive acesso, está escrito de uma forma muito clara e acho interessante a preocupação que parece perceber-se que ele tem em simplificar com explicações posteriores, conceitos mais complexos.Mas é coerente pois segundo o título, o livro foi escrito para "pessoas curiosas que não frequentarão as aulas".
      --
      Não imagina a trabalheira do que pôr 20 galfarritos,à vez, claro,mas nunca mais de três ao mesmo tempo, a fazer este trabalho:)Mas uma vez por mês, pelo menos. dou-lhes essa alegria :)
      Beijos para si e boa semana

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  3. Maria Paula

    Julgo que por todas as bibliotecas por onde passei existia uma Recreação filosófica do Padre Teodoro de Almeida. Deve ter sido uma leitura muito popular no passado e que hoje está esquecida. Os livros também passam de moda e eu já cataloguei tantos, desses que se forem lidos duas vezes num século é uma sorte.

    A Recreação Filosóca voltou a atravessar-se na minha vida.

    Bjos

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    1. Caro Luís
      Não há desculpas para a demooooora desta resposta, mas como mais vale tarde do que nunca cá estou eu, tentando remediar o desfazamento da resposta tardia.

      Só conheci a Recreação filosófica,porque visitei a exposição que referi no post e também eu encantada com as reflexões daquele completo desconhecido para mim, quis saber mais sobre a sua pessoa e obra e assim descobri o padre Teodoro de Almeida. Felizmente há muita informação sobre ele e a digitalização de um dos volumes, creio que o VIII, permitiu-me pelo menos contextualizar aqueles excertos e ficar com uma ideia um bocadinho mais aprofundada sobre esta obra.

      Hoje, já pouco se divaga de forma tão filosófica. Parece que os processos biológicos explicam todas as emoções :)
      Beijos para si e um bom fim de semana que já vai espreitando

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