sexta-feira, 1 de abril de 2011

Cesária Évora


Não sei se já o  disse aqui, mas gosto muito de música. Não posso dizer que gosto mais de um ou outro  género musical, pois neste campo o meu gosto é variado. Oiço com o mesmo prazer uma música dos Metállica,ou uma boas versão musical  a capella,como por exemplo esta.Talvez isto se deva ao facto de ter crescido numa época e numa terra em que se convivia muito, não só a  nível familiar como social, pois não restavam grandes alternativas, e uma delas, era precisamente a música, através da rádio. Gira-discos, só muito mais tarde.Outro dia, na festa de anos da minha sobrinha pequena ( tem cinco anos), ela ouviu falar em gira-discos e perguntou o que era isso :)
Mas onde ia eu? Já sei, dizia, como os meus gostos musicais são ecléticos, e que o meio em que cresci balizado por culturas tão diferentes, provavelmente terão moldado a minha sensibilidade musical para a diversidade.

Neste meu gosto tão variado,não podia faltar a música africana.Gosto especialmente da música de Cabo Verde, das mornas e coladeras, que sempre ouvia serem tocadas nas noites quentes da minha terra, pela comunidade cabo-verdiana, que ali vivia.

Gosto deste encontro de vozes e de fonias geograficamente tão distantes, e tão harmoniosas, quando juntas pela linguagem universal da música.
Bom fim de semana.


4 comentários:

  1. Há um filme de Woody Allen, "Radio Days", que me leva de regresso à minha infância, onde tudo gira em torno do rádio.
    Assim foi parte da minha vida de infância.
    A rádio sempre presente.
    Quando não tínhamos electricidade (vivi em locais onde não existia tal luxo), havia sempre uma bateria de carro à qual se ligava o rádio.
    Os aparelhos descomunais (em relação aos de hoje), com nomes de cidades exóticas no visor, era necessário esperar que as válvulas aquecessem, e, após a luz se tornar verde, surgia como que por encanto a voz, a música o teatro, os anúncios ... uma felicidade!
    E lembro-me das noites em que nos estendíamos nas redes a ouvir o "Teatro em sua casa" (creio que era assim que se chamava), radiofónico, claro, de que a minha mãe era fã incondicional.
    Enfim, a música, e a rádio que a radiofundia, eram as únicas formas de comunicação com o exterior que algumas comunidades isoladas possuíam.
    Manel

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  2. Caro Manel
    Assim era a vida naqueles tempos e naquelas paragens!

    Segundo o meu pai, a electricidade, na minha terra foi instalada no ano em que nasci (1954), mas com muitas restrições, às dez da noite, por exemplo, era desligada a luz:). Disto, ainda tenho uma vaga recordação, aliás, creio que tal procedimento foi abandonado em 61, por questões de segurança. Do que me recordo bem, é dos ganchos que existiam nos tectos, que terão servido para pendurar os candeeiros a petróleo.
    Quanto ao rádio, ele era a única via para a informação actualizada e tal como o rapaz do filme que refere, as emissões radiofónicas acompanharam o meu crescimento. Recordo os programas emitidos do chamado Congo-Brazzaville, incitando à luta armada e a apreensão que isso provocava nos adultos, um célebre golo do Eusébio, as primeiras notícias sobre o 25 de Abril etc, etc. :)
    Uma coisa é certa, a ausência de imagens, estimulava a imaginação infantil.
    Hoje, mesmo sabendo a importância que a imagem tem na compreensão dos conceitos, questiono-me, se as nossas crianças pequenas, não verão imagens em demasia.

    O rádio, aparelho, era ainda, uma peça central na decoração de qualquer sala. Era frequente, terem direito a naperon e a uma série de biblôts.

    Já me alonguei :) Um abraço
    Maria Paula

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  3. Também sou um admirador incondicional daquela que os franceses chamam a La Diva Aux Pieds Nus.

    Apreciei muito a sua visão e depois a do Manel sobre dos dias em que a Rádio era o centro da vida das famílias.

    Embora ainda se ouvisse muito rádio na minha infância, já sou do tempo da televisão, embora só aainda com um canal...

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  4. Luís

    A primeira vez que vi televisão tinha 6 anos e não tenho memória de ter ficado particularmente encantada.
    Quanto ao rádio, naquela época, em África, era o único meio de comunicação que mantinha as pessoas actualizadas. Já grandinha, recordo-me do meu pai avisar a minha mãe sobre a chegada dos jornais(idos daqui) ao clube.Chegavam com muitos dias de atraso, atrevo-me a dizer semanas :)Mesmo assim, eram muito solicitados.

    A música de Cabo Verde é única. A cadência e tema das mornas, os violinos e as vozes,para mim andam muito perto da magia :)
    Maria Paula

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