Não sei se já o disse aqui, mas gosto muito de música. Não posso dizer que gosto mais de um ou outro género musical, pois neste campo o meu gosto é variado. Oiço com o mesmo prazer uma música dos Metállica,ou uma boas versão musical a capella,como por exemplo esta.Talvez isto se deva ao facto de ter crescido numa época e numa terra em que se convivia muito, não só a nível familiar como social, pois não restavam grandes alternativas, e uma delas, era precisamente a música, através da rádio. Gira-discos, só muito mais tarde.Outro dia, na festa de anos da minha sobrinha pequena ( tem cinco anos), ela ouviu falar em gira-discos e perguntou o que era isso :)
Mas onde ia eu? Já sei, dizia, como os meus gostos musicais são ecléticos, e que o meio em que cresci balizado por culturas tão diferentes, provavelmente terão moldado a minha sensibilidade musical para a diversidade.
Neste meu gosto tão variado,não podia faltar a música africana.Gosto especialmente da música de Cabo Verde, das mornas e coladeras, que sempre ouvia serem tocadas nas noites quentes da minha terra, pela comunidade cabo-verdiana, que ali vivia.
Gosto deste encontro de vozes e de fonias geograficamente tão distantes, e tão harmoniosas, quando juntas pela linguagem universal da música.
Bom fim de semana.
Há um filme de Woody Allen, "Radio Days", que me leva de regresso à minha infância, onde tudo gira em torno do rádio.
ResponderEliminarAssim foi parte da minha vida de infância.
A rádio sempre presente.
Quando não tínhamos electricidade (vivi em locais onde não existia tal luxo), havia sempre uma bateria de carro à qual se ligava o rádio.
Os aparelhos descomunais (em relação aos de hoje), com nomes de cidades exóticas no visor, era necessário esperar que as válvulas aquecessem, e, após a luz se tornar verde, surgia como que por encanto a voz, a música o teatro, os anúncios ... uma felicidade!
E lembro-me das noites em que nos estendíamos nas redes a ouvir o "Teatro em sua casa" (creio que era assim que se chamava), radiofónico, claro, de que a minha mãe era fã incondicional.
Enfim, a música, e a rádio que a radiofundia, eram as únicas formas de comunicação com o exterior que algumas comunidades isoladas possuíam.
Manel
Caro Manel
ResponderEliminarAssim era a vida naqueles tempos e naquelas paragens!
Segundo o meu pai, a electricidade, na minha terra foi instalada no ano em que nasci (1954), mas com muitas restrições, às dez da noite, por exemplo, era desligada a luz:). Disto, ainda tenho uma vaga recordação, aliás, creio que tal procedimento foi abandonado em 61, por questões de segurança. Do que me recordo bem, é dos ganchos que existiam nos tectos, que terão servido para pendurar os candeeiros a petróleo.
Quanto ao rádio, ele era a única via para a informação actualizada e tal como o rapaz do filme que refere, as emissões radiofónicas acompanharam o meu crescimento. Recordo os programas emitidos do chamado Congo-Brazzaville, incitando à luta armada e a apreensão que isso provocava nos adultos, um célebre golo do Eusébio, as primeiras notícias sobre o 25 de Abril etc, etc. :)
Uma coisa é certa, a ausência de imagens, estimulava a imaginação infantil.
Hoje, mesmo sabendo a importância que a imagem tem na compreensão dos conceitos, questiono-me, se as nossas crianças pequenas, não verão imagens em demasia.
O rádio, aparelho, era ainda, uma peça central na decoração de qualquer sala. Era frequente, terem direito a naperon e a uma série de biblôts.
Já me alonguei :) Um abraço
Maria Paula
Também sou um admirador incondicional daquela que os franceses chamam a La Diva Aux Pieds Nus.
ResponderEliminarApreciei muito a sua visão e depois a do Manel sobre dos dias em que a Rádio era o centro da vida das famílias.
Embora ainda se ouvisse muito rádio na minha infância, já sou do tempo da televisão, embora só aainda com um canal...
Luís
ResponderEliminarA primeira vez que vi televisão tinha 6 anos e não tenho memória de ter ficado particularmente encantada.
Quanto ao rádio, naquela época, em África, era o único meio de comunicação que mantinha as pessoas actualizadas. Já grandinha, recordo-me do meu pai avisar a minha mãe sobre a chegada dos jornais(idos daqui) ao clube.Chegavam com muitos dias de atraso, atrevo-me a dizer semanas :)Mesmo assim, eram muito solicitados.
A música de Cabo Verde é única. A cadência e tema das mornas, os violinos e as vozes,para mim andam muito perto da magia :)
Maria Paula