terça-feira, 3 de maio de 2011

Estatuetas em Braga

Continuando na senda das estatuetas e urnas no topo dos edifícios, descobri em Braga o naipe que mostro a seguir.
Pertencem a um palacete, que fica numa das principais avenidas Bracarenses, a avenida Central, e, creio que ainda serve de habitação.Ainda bem !!
Causa-me sempre algum pesar, ver casas de família passarem a espaços públicos, mesmo sabendo, ou melhor, calculando, a despesa que   não será necessária para a manutenção destas casas.

O conjunto das três estatuetas está ladeado por duas urnas, cujos gomos lhe dão um aspecto muito elegante.
Em baixo uma das urnas, fotografada,  com o zoom quase  no máximo.


Passemos então às estatuetas.
 Esta primeira, não oferece dúvidas, é Mercúrio, com todos os atributos que a arte lhe atribui, e com uma representação muito próxima desta que o Luís mostrou. Muito próxima, muito próxima não é,  pois este Mercúrio de Braga, está representado,com uma bela figura masculina :)


 Quanto às restantes não as consigo identificar.
Esta segunda estatueta,acompanhada das antenas de televisão :(, calca com o pé o que me parece ser uma cesta com frutos, e tem uma coroa na cabeça. Não sei se estes pormenores serão suficientes para a identificarem.

A terceira e última, tem uma coroa de louros na cabeça, e sabendo-se que este tipo de ornamento representa a vitória, talvez seja uma alegoria ao sucesso, ou à felicidade. A fieira de rosas, representada sugere-me também,  um tema ligado à harmonia do lar. Será ? :)

Estavam erradas as minha suposições acerca da identidade  desta divindade.Com a ajuda do Manel e Luís está identificada agora. Trata-se de uma representação de Flora, a deusa que preside a tudo o que floresce.


A imagem que se segue foi-me enviada gentilmente pelo Luís, que a descobriu num livro de Artur Sandão,e o fabrico está atribuído à Fábrica das Devezas em Gaia. As semelhanças, não deixam margem para dúvidas.

Mas neste dia em que me armei em turista na própria terra, descobri, noutra rua, uma outra estatueta muito interessante e que sem dúvida representa algum tipo de comércio ou industria que ali existiu. Prometo lá voltar, à rua D. Afonso Henriques,  (que tem umas casas antigas encantadoras) e fotografar o edifício, que desta vez a chuva não o permitiu.
Aqui está ela.

7 comentários:

  1. O facto do seu Mercúrio se apresentar descentrado confere-lhe, à fotografia, uma beleza dinâmica, fatal!
    E a terceira, por estar, ainda que só ligeiramente descentrada, ajuda a equilibrar a composição da foto que me lembra o "ovo de Colombo" ... como é que uma coisa tão simples como esta não me lembra a mim, comum mortal?
    Isto faz a diferença entre uma boa e uma fotografia aceitável!
    Quanto à sua 2ª estátua, à mistura com antenas, talvez seja uma alegoria à abundância, visto ter aos pés uma forma que me traz à ideia uma cornucópia de onde, creio, saem flores e frutos, símbolos da fertilidade, riqueza e abundância, também passível de significar a agricultura e o comércio.
    O corno, símbolo masculino, associado à mulher como feminino, dá origem às mais antigas representações ligadas à fertilidade, como acontece com a Vénus de Laussel de cerca de 20000-25000 anos a.C.(do final do Gravetense). Mas é só uma hipótese, pois não tenho a certeza.
    Quanto à terceira fotografia parece-me representar a deusa Flora, esposa de Zéfiro, que preside a tudo o que floresce.
    É representada coroada de flores, as quais também podem aparecer a invadir os tecidos com que está vestida (a Flora de Botticelli é lindíssima!).
    É possível que a última seja uma alegoria à indústria, devido à roda dentada que possui na mão, mas, mais uma vez, sem certezas nenhumas.
    Por vezes é bom conjecturar.
    Essa sua Braga, como afinal todo os burgos do nosso país, está bem recheado de coisas bonitas!
    Manel

    ResponderEliminar
  2. Caro Manel
    É verdade. Braga, na sua parte antiga é muito bonita,e, felizmente, muitos edifícios vão sendo já preservados. É pena, o desenvolvimento comercial da zona central, não andar a par,com a preservação urbanística.Se tal acontecesse,seria certamente, uma cidade com outra vivacidade, especialmente à noite,que é quando se nota mais a falta de locais que atraiam as pessoas. Até a "movida" da juventude, se passou para a zona da universidade (Gualtar), esvaziando assim por completo,o centro Bracarense.

    Acho interessante a maneira como olha as fotografias. Quando seleccionei a fotografia do Mercúrio descentrado, não valorizei o facto, mas agora que o referiu,e comparando com as outras mais certinhas que tenho aqui, percebo a diferença.

    Concordo com as conjecturas que faz sobre a identidade das outras divindades,que representam talvez,as ambições de quem as mandou lá colocar. E que ambicioso foi! Lucro,fertilidade,abundância,o poder sobre o que floresce, quase a felicidade completa...
    Um abraço para si
    Maria Paula

    ResponderEliminar
  3. Fantásticas fotografias. Julgo que o Manuel terá razão nas atribuições dass estatuetas. Gostei particularmente da fotografia da alegoria à indústria.

    Abraços e não pare de fotografar

    ResponderEliminar
  4. Cara Amiga

    Descobri no Artur Sandão, p. 213 uma estatueta em tudo semelhante à sua Flora, que é muitas vezes identificada com a Primavera e a fertilidade. A única diferença parece estar no pedestal, pois o do prédio em Braga é redondo. Está atribuída à Fábricas das Devezas em Gaia, onde trabalhou o pai do cébre escultor Teixeia Lopes.

    Hoje à noite mando-lhe a imagem para o seu e-mail, que poderá publicar no seu blog, se achar que faz sentido

    Abraços

    Luís

    ResponderEliminar
  5. Caro luís
    Muito obrigada pelo contributo.
    Não restam dúvidas quanto à identidade da "minha" deusa; quanto à sua origem, as semelhanças são tantas,que esta Flora bracarense, bem poderá ter sido fabricada nas Devezas.
    Um abraço e uma boa semana
    Maria Paula

    ResponderEliminar
  6. Olá Maria Paula.
    No sábado perdi o comentário.

    Isto de fotografar o cimo dos prédios tem-se tornado fascinante. E o que aqui se tem aprendido sobre azulejaria, faiança, mitologia. Fantástico.

    Mais um belíssimo post que a Maria Paula nos contemplou.
    Parabéns.
    Beijos
    Isabel

    ResponderEliminar
  7. Cara Maria Isabel
    Obrigada pela seu comentário.
    É de facto fascinante, olharmos para lugares pouco comuns e depois descobrirmos que afinal há coisas interessantíssimas que lá estão e que se só olhassemos em frente não as veríamos.
    Vou continuar a olhar para o ar, mesmo sentindo, que por vezes corro riscos de tropeções ou encontrões :)
    Beijinhos
    Maria Paula

    ResponderEliminar